Vestida para Casar


Katherine Hegel ficou conhecida através do sucesso Ligeiramente Grávidos. Em Vestida para Casar, ela não tem o ótimo Seth Rogen para ofuscar suas cenas. Nessa comédia romântica, a atriz é o carro chefe do desfile, o que não impede de dividir a tela com outros bons atores, como Edward Burns, James Marsden e Malin Akerman.

No filme, Hegel é uma mulher que já foi dama de honra 27 vezes. Apaixonada por seu chefe, ela acredita que chegou a sua vez de subir no altar. Os planos vão por água abaixo quando sua irmã chega de viagem e “rouba” a sua paixão.

É a clássica fórmula de filme para o público feminino. Final feliz? Óbvio. Até mesmo a seqüência musical não falta! E pode-se dizer que é uma das melhores cenas, ainda porque Bennie and the Jets de Elton John ajuda bastante. O nome da roteirista de O Diabo Veste Prada pode chamar a atenção no cartaz, mas as produções não são nada parecidas. O filme com Meryl Streep é excelente, este é bom.

Pronto, falei. Vestida para Casar é aquele filme bobinho que conquista. É difícil não gostar. Voltamos então para aquela velha história de que cinema é entretenimento, e exatamente por isso que o filme cumpre seu papel.

Nota: 7,4

Rocket Science


Os norte-americanos são obcecados por pessoas esquisitas. Basta assistir os inúmeros longas-metragens produzidos anualmente sobre seres desajustados. Será que todos que vivem no subúrbio são tão estranhos assim? Pois é, volta e meia encontra-se nas premiações filmes como esse, principalmente no Sundance – o festival alternativo mais conhecido. Rocket Science foi um dos vencedores desse festival no ano passado na categoria de melhor direção dramática.

O freak da vez é Hal Hefner, um garoto gago que vez de permanecer excluído em seu casulo decide dar a cara a tapa e participar de um concurso de debates na escola. O filme dialoga sobre o problema de fala e aborda como agir nas situações constrangedoras.

O diretor Jeffrey Blitz também escreveu e produziu o projeto. Ele sofre de gagueira e sua principal fonte para o roteiro foram as experiências de quando era adolescente. A escolha do até então desconhecido Reece Thompson para viver o protagonista não podia ser melhor. O jovem ator interpreta um papel difícil e por meio deste brilha do início ao fim, fixando a atenção para si e tomando conta da tela.

Rocket Science não apresenta muitas novidades. Além da gagueira, é basicamente um filme alternativo comum. Entre seus méritos, um deles é não abusar da esquisitice. Mas, o filme ganha mesmo é em carisma. A sensação que se tem é de que Hal faz amizade com a platéia e, através de belas tomadas, sem negar sua origem cult, o filme despreocupadamente cativa o público-alvo.

Nota: 7,5: Sem previsão de estréia nos cinemas brasileiros.

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal


Só foi eu que percebi? Nas primeiras cenas de ação, Harrison Ford faz um esforço tremendo para convencer como um Indiana Jones sessentão. Bem que ele tenta ser ágil, a edição também procura dar aquela mascarada, mas não adianta, a lentidão predomina. E assim começa essa duvidosa experiência do retorno de um dos heróis icônicos do cinema.

O projeto não tem o melhor dos prólogos. A demora para esclarecer a sinopse principal deixa o público um pouco perdido. É com quase uma hora de duração que se tem uma visão geral sobre o que o filme trata. O lance das caveiras de cristal é bastante interessante, porém acaba saindo fora dos trilhos quando revela ser uma história de (pasmem!) alienígenas.

Bom, se você perdoar isso, continuamos nossa avaliação. Depois das cenas inicias em que Ford sai no braço com os bandidos, o personagem aparece raras vezes em perigo. As demais seqüências exigem pouco esforço físico do herói e o roteiro opta por dar espaço ao provável substituto de Harrison Ford: o atual queridinho da América, Shia LeBouf.

É dele a cena de maior adrenalina de toda aventura: seu personagem luta contra Cate Blanchett em cima de um jipe em movimento. Se por um lado LeBouf não compromete, o personagem de John Hurt é tão irritante que dá vontade que no meio daquela Amazônia surja uma Anaconda gigante para devorá-lo de uma vez!

Homenageando os originais, a belíssima fotografia envelhece a película e dá o clima dos filmes clássicos da década de 80. O que a produção não poupa são os efeitos especiais! A profusão digital é tanta que dificilmente você vai lembrar de alguma seqüência de ação do qual não foi preciso o uso de computação gráfica. Por mais bem feitos que sejam, esses artifícios ressaltam a pirotecnia e quebram o mergulho do espectador na magia do cinema. Algumas vezes são realmente incríveis, já outras são bastante artificiais.

Chegando agora ao grande vilão do filme: o roteiro. Não adianta que a maior falha do longa-metragem é a trama absurda e sem pé nem cabeça. O amontoado de recursos para entreter o público chega ao exagero. São formigas carnívoras, tribos escondidas em lugares secretos, travessias em cachoeiras, areias movediças, bombas atômicas (!), naves espaciais e por aí vai.

Se o filme vale o renascimento do herói? Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal não deixa de ser divertido. Faltou mesmo uma boa história. Da próxima vez também seria bom diminuir na dose de sensacionalismo. Já o crédito à Harrison Ford pode ser considerado garantido, porque quando a inconfundível trilha de John Williams ecoa na sala de exibição não tem como imaginar outro em seu lugar.

Nota: 6,8

Em Pé de Guerra


Quando a idéia é fraca, não adianta forçar a barra com uma longa duração. Em Pé de Guerra sabe que não é um Ligeiramente Grávidos e, exatamente por isso, aproveita para condensar o que a trama tem de melhor nos seus 80 minutos.

John Farley (Seann William Scott) é um bem-sucedido escritor de auto-ajuda. Entretanto ele levou um bom tempo para superar os abusos sofridos na época de colégio pelo professor Woodcock (Billy Bob Thornton). Ao visitar sua cidade-natal John descobre que sua mãe (Susan Sarandon) está prestes a se casar com Woodcock.

Tudo bem que a trama é uma bobagem: imediatamente após descobrir o caso da mãe, Farley parte para desmascarar o seu futuro padrasto. Você já deve imaginar as várias gafes pelas quais o personagem irá passar e, óbvio, ele vai se dar mal até conseguir provar que estava certo. Isso só no final.

Construído em cima de clichês, essa comédia só se salva pela presença dos três atores principais. É o tipo de filme para alugar quando não resta opção melhor. De qualquer maneira, dá para assistir sem se sentir ofendido.

Nota: 6,5

Jumper


É triste, mas Jumper morreu na praia. A ficção científica de Doug Liman nunca vai ser um filme memorável. Parece que o diretor deixou a preguiça tomar conta e entregou a obra de qualquer jeito. Cuida só a ótima premissa: jovem consegue se teletransportar para qualquer ponto do planeta. Ele passa a ser perseguido por uma organização secreta destinada a matá-lo.

A direção pura adrenalina empolga no início por conta das belas imagens, ótimos efeitos e um estilo videoclipe, o mesmo que deu certo em A Identidade Bourne e Sr. e Sra. Smith, outros títulos de Liman. Porém, o filme não consegue sustentar esse clima de aventura até o fim. Logo, a trama se perde.

Jumper resulta em um projeto perdido nas intenções. Até mesmo os bons atores são mal aproveitados. Faltou desenvolver o roteiro do segundo para o terceiro ato, percebe-se uma pressa imensa de terminar o projeto. Com menos de duas horas, os créditos sobem e a boa idéia fica pelo caminho.

Nota: 6,0

À Prova de Morte


O projeto Grindhouse da dupla Rodriguez e Tarantino não tinha como ser um sucesso. Os filmes são os menos populares de toda a carreira dos diretores. A homenagem à podreira saiu melhor no sensacional Planeta Terror, mas À Prova de Morte também possui seus atrativos.

O cultuado Quentin Tarantino apresenta seu quinto longa-metragem saboreando o máximo da cultura pop. Os diálogos aparentemente superficiais são recheados de referências ao universo singular do diretor. Outro elemento em cena bastante explorado são as mulheres, cuja sensualidade é vista em vários takes que valorizam as curvas das beldades.

Inevitavelmente, duas cenas destacam-se pela apresentação na tela: o acidente fatal na primeira hora do filme é tão cruel e impactante a ponto de deixar o público chocado. De forma inteligente, a cena repete quatro vezes para mostrar o destino de cada personagem. A segunda sequência memorável é a perseguição de pura adrenalina já perto do final, quando Tarantino reproduz uma cena do filme Vanishing Point.

À Prova de Morte é formado por várias outras cenas deliciosas, principalmente para quem entende de cinema. Os requebrados das atrizes, o culto à bebida, o personagem canastrão de Kurt Russell, a morte violenta de Rose McGowan, a participação especial do próprio diretor e a fotografia de cores vibrantes contribuem para a elobaração de uma película única. O que prejudica a obra é o excesso de diálogos. Apesar de alguns serem verdadeiras pérolas, outros são fúteis e descartáveis. Com um pacote mais enxuto, o produto seria um deleite para os fãs do diretor.

Ainda assim, Tarantino é Tarantino e a sessão de qualquer filme dele é praticamente um orgasmo.

Nota: 8,0

O Homem de Ferro


Quanto mais exploram os personagens da Marvel, mais escassa fica a fonte. Dela já saíram super-heróis como Homem-Aranha, X-Men, Hulk, Quarteto Fantástico e Motoqueiro Fantasma. O Homem de Ferro não é um dos mais populares, mas também não é desconhecido.

Ao iniciar a produção do que seria o primeiro grande filme da Marvel como estúdio independente, surgiu a óbvia questão sobre quem iria vestir a armadura do herói. Provavelmente os fãs não imaginaram Robert Downey Jr nesse papel. A inusitada aposta do estúdio revelou-se uma excelente escolha. O ator agarra com unhas e dentes o personagem e convence como o milionário Tony Stark. Aliás, Downey Jr retornou às produções cinematográficas melhor do que nunca. Depois de antecedentes com drogas, o astro deu a volta por cima e emplacou ótimas produções: Beijos e Tiros e Zodíaco – além dos anteriores Garotos Incríveis e Crimes de Um Detetive.

Os méritos de Homem de Ferro vão igualmente para o diretor Jon Favreau (Zathura). O cineasta dá o tom de realismo imprescindível para o projeto, dosando também a parte trágica da história com as cenas de ação.

O Homem de Ferro é um personagem por demais interessante. Tanto por ser um inventor de engenhocas e um playboy, como também pela sua trajetória de renascimento. Realmente, ninguém melhor para o papel do que Robert Downey Jr.

Não vou discutir a questão se a adaptação é fiel ao original porque nunca fui fã do personagem e não saberia identificar esses detalhes. Quanto ao elenco de apoio, Terrence Howard, Gwyneth Paltrow e Jeff Bridges mostram-se bem na tela, principalmente esse último. O vilão de Bridges é muito bem interpretado, pena que o roteiro não sabe trabalhar corretamente com a figura do Monge de Ferro.

Já que estamos falando do que deu errado, o desfecho da produção é atropelado, destoando do início cuja a narrativa é lenta. Os motivos do vilão tornam-se sem sentido e as cenas de ação com perfeitos efeitos visuais não conseguem o impacto pretendido. Em contrapartida, os segundos finais deixam o público mais que ansioso para a próxima aventura do herói. No total, é mais um ponto positivo para a Marvel. Uma provável série de filmes do Homem de Ferro há por vir.

Nota: 7,5

Maratona do Amor


Comédia romântica inglesa alavancada pela presença de Simon Pegg - a nova fábrica de risos inglesa. O ator descoberto em Todo Mundo Quase Morto, ainda participou de Planeta Terror, Missão Impossível 3, Terra dos Mortos e Chumbo Grosso para conseguir protagonizar este filme em que é o grande astro. A direção ficou a cargo do ex-Friend David Schwimmer.

Pegg interpreta Dennis, um cara gorducho que abandona a noiva grávida no dia do casamento. Cinco anos depois, ele tem certeza que aquela era a mulher da sua vida. Para reconquistá-la, ele quer vencer sua primeira maratona e com isso provar que o novo namorado da amada é o homem errado para ela.

Simpático e divertido, Maratona do Amor é uma comédia leve que agrada o público, mas não o leva à gargalhadas. O humor britânico presente do início ao fim passa por situações constrangedoras, o que é praticamente inevitável. Mesmo sendo um passatempo agradável, essa comédia não traz nada de novo, por isso, segundos depois você já esqueceu que o assistiu.

Nota: 6,8

Coisas que Perdemos Pelo Caminho


Halle Berry e Benicio del Toro estrelam esse longa-metragem que sequer foi lançado no circuito nacional. A produção do ano passado chegou direto em dvd sem causar nenhum barulho. Coisas que Perdemos pelo Caminho é o primeiro filme em solo norte-americano da dinamarquesa Susanne Bier (Brothers e Depois do Casamento).

O drama mostra como Audrey, mãe de dois filhos pequenos que tem o marido assassinado, procura superar a tragédia. Ela passa a dividir a casa com o melhor amigo do falecido e o ajuda no vício com as drogas. A convivência acaba sendo benéfica para ambos na hora em que enfrentam momentos difíceis.

Com essa trama previsível, o único alento é a atuação de Benecio del Toro. O estilo do ator cai como uma luva no personagem desajustado, na medida que ele parece ser exatamente igual na vida real. Já a vencedora do Oscar Halle Berry não compromete. Mesmo beirando o melodrama, a produção segura atenção e mascara suas fragilidades. Não chega a ter o caráter cult ou alternativo que as vezes ameaça tentar. O resultado é morno.

Nota: 7,0