Na Mira do Chefe

Ao ler qualquer sinopse básica da produção, certamente, você terá algumas de suas surpresas reveladas. Como assim? É com mais de uma hora de duração que a trama principal se torna visível. O título nacional também já denuncia um dos fatos determinantes. Portanto, não vou entregar absolutamente nada sobre a história.

Na Mira do Chefe é uma divertida comédia de humor negro, com ação, drama e jogadas espertas, mas infelizmente, passou batido nos cinemas dos Estados Unidos. O ritmo desacelerado e a utilização de locações inteiramente européias, acabou por descaracterizá-lo como um típico produto norte-americano. Esse estilo incomum garantiu a vaga no Festival de Sundance 2008 e inaugurou a mostra.

Colin Farrell encaixa-se bem como o assassino suicida e facilmente vai do drama à comédia. Com essa versatilidade, relembra que, apesar de alguns deslizes na carreira, é um ótimo ator. Na Mira do Chefe é o segundo longa-metragem do diretor Martin McDonagh, que antes realizou o filme “Six Shotter”, classificado como uma comédia irlandesa sangrenta e de humor negro. Exatamente os mesmos elementos desse novo projeto.

A nota para a produção só não é maior devido a um problema: a motivação do personagem de Ralph Fiennes não é explicada. O motivo é esclarecido em uma cena que ficou de fora do corte final. No spoiler abaixo, conto o que acontece nessa cena.

Fora isso, o filme é um respiro de personalidade dentro da indústria formulaica.

Nota: 7,6

SPOILER >>> A cena cortada é a seguinte: Harry foi abusado quando criança e não foi por um padre, foi pelo próprio pai. Ray acha que o padre era pedófilo mas Ken explica que ele apenas fazia parte de um comitê contra os projetos de construção do Harry.

Bill


Bill está crise de identidade. Aos 40 anos, ele descobre que sua esposa tem um caso com o apresentador do tele-jornal local. A traição desencadeia uma revolta contra si mesmo, uma avaliação de como se tornou um ser patético. A sinopse bem que poderia render uma produção como O Sol de Cada Manhã, mas o resultado está bem longe disso.

A história de superação é tão batida que em nenhum instante chega a empolgar. Bill é estúpido demais e, ao invés de causar identifiacação com o personagem, o público se sente incomodado com sua presença. Mesmo com um bom elenco, não há atuação de destaque. O alívio vem com Lornam Lerman, que interpreta o garoto sob tutela de Bill, ele é o único a movimentar a trama. Quem sabe seu personagem não renderia um filme melhor, já que conhecer Bill é uma chatice.

Nota: 3,0

Um Amigo Meu


Este belo drama de origem alemã ganha apreço do público ao apresentar nenhum tipo de pretensão. Quem o assiste não possui alta expectativa. O único destaque é a presença de Daniel Bruhl, ator conhecido por Adeus Lênin, Edukators e O Violinista que Veio do Mar.

A amizade inesperada entre Karl e Hans motiva essa identificação. Os dois são como água e fogo, e nessa oposição gigante, eles se entendem e criam um laço bastante forte. A trama simplista é digna dos filmes europeus, com ritmo lento e valorização de planos e atuação. Os personagens e suas angústias parecem suficientemente verdadeiros.

Um Amigo Meu não tem um final onde tudo se encaixa. Sua narrativa de tão comum pode não ser levada a sério. Sensível, real, romântico e com boas atuações da dupla de “amigos”, é um filme onde o espectador reflete sobre esse intenso sentimento que une as pessoas. A escolha por se deixar levar é sua.


Nota: 7,5

Control


Não resta dúvida de que Ian Curtis foi um sujeito infeliz. Para quem é pouco entendido de música, o cara liderou uma das bandas mais importantes do punk rock, a Joy Division. Casou-se cedo, teve uma filha, trabalhava durante o dia e viajava para fazer shows nos finais de semana. Nada disso lhe trouxe resquício algum de felicidade. Ele se suicidou em 18 de maio de 1980 aos 23 anos.

A curta jornada de Ian nesse mundo foi melancólica ao extremo, pelo menos é isso que Control, sua biografia cinematográfica, demonstra. O novato Sam Riley representa o vocalista problemático com uma fidelidade absurda. Até mesmo o olhar olhar delirante na performance de palco e os trejeitos dançantes são de uma semelhança assustadora.

O universo cinzento de Curtis é retratado pela belíssima fotografia em preto e branco. Um dos maiores acertos da produção! O diretor de videoclipes, Anton Corbijn, estréia atrás das câmeras potencializando os relatos do livro da viúva do cantor e realizando um panorama honesto sobre os principais tormentos de Ian: dividido entre a esposa e a amante, pressionado pela carreira em ascenção e sofrendo de constantes ataques de epilepsia.

Control dá enfoque maior para sua vida emocional do que para a carreira à frente da Joy Division. Ainda assim, o filme aborda sem pressa e atropelamentos as passagens mais importantes da vida do cantor. Ao final, a impressão é de que Ian não fazia tanta questão de ser feliz. Até mesmo com Anika, sua amante, ele não demonstra-se satisfeito. Pois é, o mundo da música não é tão glamuroso assim.

Nota: 7,2

Uma História de Amor


Não é de hoje que Billy Crudup é subestimado. Em 13 anos de carreira dividiu a tela com vários astros e fez pontas em filmes como Sleepers, Todos Dizem Eu Te Amo e Peixe Grande. O maior destaque foi como o guitarrista Russell Hammond em Quase Famosos, que sem dúvida é o seu melhor filme. O motivo dessa falta de reconhecimento talvez seja porque seu nome dificilmente está associado a filmes de qualidade. Fora essas produções citadas, o restante de sua filmografia não empolga.

Dedication ou Uma História de Amor é mais um desses filmes a somar na lista. Contando com o desempenho brilhante do ator, o longa-metragem não foge de ser previsível e monótono. Na trama, Crudup é um escritor de histórias infantis que perde o ilustrador de seus livros, e também, melhor amigo. Em seguida, essa vaga é preenchida por uma nova cartunista. A relação delicada mistura auto-conhecimento e amor.

No papel romântico, Mandy Moore, pela primeira vez, não desafina na atuação. Mas, como o esperado, o personagem de Billy domina a cena. Hiperativo, nervoso e sem medo de falar o que pensa, o tal escritor é uma profusão de sensações simultâneas. A construção por parte do ator responde ao que o roteiro pede e são esses momentos que salvam a produção do total fracasso.

Infelizmente, a interpretação de Crudup é diluida no contexto e assim, permanece deixando o ator osfuscado nas sombras da indústria hollywoodiana. Quem sabe ele aparece com mais impacto na superprodução Watchmen?.

Nota: 4,5

Jogo de Amor em Las Vegas


Alguém duvida da força desse filme em território nacional? As comédias românticas possuem um histórico de sucesso no Brasil e essa aqui deve ser mais uma delas. O principal atrativo é a união de dois astros do humor pastelão: Cameron Diaz (Tudo Para Ficar com Ele) e Ashton Kutcher (Recém-Casados).

Na trama, essa dupla acorda casada após uma noite de loucura em Las Vegas. A decisão pelo divórcio é de ambas as partes. Porém, no dia seguinte ele ganha 3 milhões de dólares no cassino do hotel. Para ficarem com o dinheiro, o juiz determina que deverão manter uma relação estável por seis meses.

Começa então uma briga de marido e mulher. Alguém lembra de “Guerra dos Roses”? Vivendo sob o mesmo teto, cada um vai aprontar para o outro e assim, ver quem desiste primeiro. Todos elementos característicos do gênero estão no conjunto, como a participação dosamigos engraçadinhos dos protagonistas.

Pensando em desistir de comprar o ingresso? Nem pensar. Jogo de Amor em Las Vegas é sim puro clichê: os dois se odeiam no início para no fim se apaixonarem. Mas, não é só isso. O carisma dos atores principais garante a sessão. Pisando em terreno que conhecem muito bem, Diaz e Kutcher encantam a platéia e não tem quem resista ao charme da dupla. Além disso tudo, cenas realmente engraçadas entrelaçam a guerra e a paz.

É um dos poucos filmes em que tanto a comédia quanto o romance funcionam bem. Não é recomendado para quem tem aversão ao gênero, do contrário, é diversão na certa!

Nota: 7,8

Não Quero Ser Grande


Beirando os 30 anos, Jeffrey ainda vive com a mãe (Diane Keaton). Essa mordomia ameaça acabar quando ela se apaixona por um palestrante motivacional (Jeff Daniels) e pretende que ele venha morar na casa.

Não Quero Ser Grande é uma comédia sem graça, sustentada apenas pelos bons atores. John Heder de Napoleon Dynamite permanece com sua galeria de personagens esquisitos, a medida que Diane Keaton repete seu papel de Minha Mãe Quer Que Eu Case. Jeff Daniels e Anna Ferris saem ganhando por fora com personagens coadjuvantes bem mais interessantes.

Coincidência ou não, Mama´s Boy apresenta praticamente a mesma trama de outro recente longa-metragem, Em Pé de Guerra. Na luta, o segundo sai vencendo. Esse aqui é uma perda de tempo. O roteiro sem novidades e entulhado de estereótipos já explorados aos montes no cinema não chegam a conseguir nem um sorriso amarelo.

Faltou comentar: QUE TÍTULO INFELIZ!

Nota: 3,5

Mais do que Você Imagina


Meg Ryan, a rainha das comédias românticas nos anos 80 e 90, não conseguiu fugir do gênero que lhe trouxe fama e reconhecimento. Depois de investidas sem sucesso em dramas, suspenses e aventuras, como Prova de Vida, Em Carne Viva, Contra Tudo e Contra Todas e por fim, Eu e as Mulheres, Meg Ryan retorna ao que é seu ponto forte: as comédias românticas.

Na trama, Meg apaixona-se por um ladrão de relíquias (Banderas) - fato que ela desconhece. O seu filho, um agente federal, tem a missão secreta de espionar o bandido e assim, presencia intimamente a relação de sua mãe com o mau caráter. As situações cômicas partem principalmente desse pressuposto e promovem boas risadas.

O conteúdo pouco inspirado e relativamente superficial é só fachada para uma produção engraçada e de cenas divertidas. De semelhanças com Sr. e Sra. Smith, a produção não é um romance açucarado, e também não investe nas cenas de ação. Afirma-se mesmo na comédia. Apesar de apresentarem atuações básicas, o casal central desenvolve uma química bem ativa. Mais do que Você Imagina é bem tolo, mas isso não impede de ser agradável.

Nota: 7,0

Número 9


Número 9 é aquele tipo de filme que ninguém entende. Entretanto, todos que assistiram não abrem mão de expressar a sua teoria. No final, nenhuma dessas versões responde as infinitas perguntas levantadas. O filme é, na verdade, uma confusão só. Confesso que procurei ajuda na internet, e não encontrei consenso algum sobre o que seria a explicação das várias linhas narrativas do projeto.

O longa-metragem é a segunda experiência de John August na direção. Ele escreveu os ótimos roteiros de Peixe Grande, A Noiva Cadáver e A Fantástica Fábrica de Chocolate. Essa parceria incrível com Tim Burton rendeu essas obras-primas citadas. É uma pena que o roteiro de Número 9 deixe a desejar.

De qualquer maneira, o filme é bastante interessante e prende o espectador do início ao fim. A trama super curiosa é responsável por isso. Porém, suas explicações variam e confundem na elaboração de uma justificativa final. Número 9 parece uma tentativa frustrada de ser um Donnie Darko. Olhando pelo lado bom, o filme pelo menos não tenta imitar o horroroso Número 23.

Faltou comentar que Ryan Reynalds como protagonista de um filme mais sério está bem, o que já é a sua melhor atuação até agora.

Nota: 6,0