A Lista - Você Está Livre Hoje?


Por essa ninguém esperava: A Lista é um filmeco de quinta categoria vestido de produção elegante. Hugh Jackman e Ewan McGregor embarcaram nessa roubada com o diretor iniciante Marcel Langenegger. Mas, não vá colocando a culpa no pobre coitado!

Langenegger apresenta um bom trabalho na direção, envolvendo o público com sua história, utilizando belas locações e uma fotografia estilosa. Ewan McGregor também não desmerece o projeto. O ator retorna aos seus papéis de início de carreira quando vivia interpretando sujeitos tímidos ou “gente comum”.

À mando de seu novo “amigo”, Jonathan entra num misterioso clube sexual para homens poderosos e mulheres sem tempo de amar. O deslumbramento é imediato, principalmente, quando conhece em um desses encontros uma jovem que pode ser a mulher de sua vida. Porém, nada é o que parece.

A Lista começa bem interessante e conforme vai avançando perde sua força ao mostrar como é previsível e banal. Um thriller onde o roteiro é o elemento-chave, os demais quesitos por mais que estejam no lugar certo não compensam. Assim como o título original, o desfecho supostamente surpreendente é uma decepção.

Nota: 5,0

Southland Tales - O Fim do Mundo


Richard Kelly, o diretor do imperdível Donnie Darko, realizou uma ficção científica bastante ambiciosa como sua segunda incursão no cinema. O projeto foi esse Southland Tales, que devido o fracasso retumbante acabou sendo adiado por muitos meses e esquecido em dvd.

Segundo o diretor, que também assina o roteiro, a produção é anti-guerra e brinca com a situação de os Estados Unidos estar estragando o planeta. Assistir o filme é uma experiência completamente insana, provavelmente a maior parte das pessoas não conseguirá sobreviver aos 30 minutos iniciais – sendo que o filme tem quase duas horas e meia.

O mais incrível do projeto é o visual futurista misturado com estilo retrô. Super bacana mesmo! Como já foi dito, o filme é muito bizarro, parece que Kelly juntou problemas sociais, questões políticas, cultura pop e astros de Hollywood e colocou tudo num liquidificador. As várias tramas paralelas confundem a platéia que, por mais que se esforce, não conseguirá entender muita coisa.

Ironicamente, a produção acabou ganhando caráter cult e de tão ruim, acabou sendo bom. É difícil assistir como um todo, o melhor mesmo é apreciar cada momento, principalmente aqueles muito inspirados, como a seqüência onde Justin Timberlake canta a música “All These Things I´ve Done”, do The Killers. É sensacional! A melhor cena disparado! Aliás, a trilha sonora é um deleite.

Não tem como negar que esses momentos brilhantes também se misturam com cenas de puro tédio e de uma idiotisse tremenda. Os altos e baixos fazem parte do conjunto, assim como o elenco repleto de rostos conhecidos: Sarah Michelle Gellar, Sean William Scott, Justin Timberlake, Dwayne Johnson, Mandy Moore, Christopher Lambert e Miranda Richardson.

Grande parte do tédio pode ser atribuído o uso insistente de narração e meios de comunicação para contar a história. Volta e meia acontecem interrupções para o despejo de muitas informações da trama. Por mais difícil de assistir, o filme não deixa de ser intrigante e pede uma segunda olhada.

Southland Tales resultou uma produção pretensiosa demais, que não cumpre o prometido e soa bagunçada para o espectador, dando a impressão de que foi um desperdício de tempo! Para aqueles que souberem tirar proveito de alguma coisa, vão se divertir!

Nota: 6,8

Chumbo Grosso


O diretor Edgar Wright juntou vários clichês dos filmes de ação para criar essa comédia inglesa e aproveitar o sucesso de seu projeto anterior, Todo Mundo Quase Morto, que também tirava sarro do cinema, no outro caso, eram os filmes de terror, em especial aqueles de zumbis.

A parceria é a mesma: Simon Pegg e Nick Frost, os protagonistas da primeira sátira, retornam como dois policiais de uma pequena cidade do interior da Inglaterra que acabam tendo que lidar com um assassino misterioso. Os crimes são apenas pretexto para explorar as piadas, que incrivelmente não são tão explícitas e engraçadas quanto o planejado.

Chumbo Grosso foi considerado por muitos críticos como a melhor comédia de 2007. É inegável que o filme seja bem divertido, mas a resolução dos assassinatos é tão ridícula que só pode ser uma pegadinha do roteiro. De tão idiota e revoltante, o único alento é que tenha sido proposital, com a intenção de ridicularizar o gênero.

O plot inicial d a trama é o mais sensacional: policial é transferido pela polícia de Londres para uma pacata vila porque é competente demais e pode fazer com que os outros colegas percam o emprego! A crítica e ironia andam juntas com a paródia, o que dá uma carga mais cult para a produção.

A dupla de Pegg e Frost está melhor do antes e o primeiro apresenta um ótimo desempenho como ator mais sério.

Nota: 6,5

Vida de Casado


Ambientado nos anos 40, este drama tem todo jeito de filme clássico. Além de se passar no pós-2ª Guerra Mundial, o filme apresenta uma narrativa lenta, digna das produções dessa época cujo clima e roteiro eram mais devagar, trabalhando com uma trama simplista e linear.

Vida de Casado é sobre um homem que se apaixona por uma jovem viúva, e sem saber como contar do seu caso para a esposa, decide matar sua companheiro de anos para evitar que ela passe pela humilhação de um divórcio.

O ótimo elenco dá vida aos personagens de forma crível, principalmente o casal Chris Cooper e Patricia Clarkson. O roteiro ultrapassa o óbvio e lembra muito Crimes e Pecados de Woody Allen. Elogio maior que esse? Vida de Casado é um filme adulto, sério e para poucos.

Nota: 7,7

O Procurado


Logo nas primeiras cenas de O Procurado assistimos um cara saltar de um prédio para outro, e durante esse feito, acertar com precisão na cabeça dos bandidos que o perseguem. A conclusão não podia ser outra: estamos frente à frente a um filme de ação totalmente impossível.

Contornando as cenas de ação nada verossímeis, temos um personagem cativante que dá uma guinada incrível em sua vida. Wesley Gibson (James McAvoy) era um funcionário de repartição até o dia em que é recrutado pela sexy Fox (Angelina Jolie) para fazer parte de uma fraternidade de assassinos profissionais.

As narrações de Wesley são afiadas e com muita ironia, mostrando que a ascenção do personagem é o melhor do projeto. A primeira hora de duração aborda um treinamento violento e a transição de um completo fracassado a um habilidoso matador. Como o próprio personagem diz: “Seis semanas atrás eu era exatamente como você…”. Essas pequenas pérolas elevam esse filme de ação para um nível superior de entretenimento.

A traição surge próximo do final quando algumas reviravoltas colocam tudo a perder. O que antes era extremamente impossível passa a ser gritante na tela – isso acontece porque no início a história seduz o espectador, como sofremos um baque com a nova proposta tendemos a ver essas “façanhas” com outros olhos.

O Procurado tinha tudo para ser um excelente produto de ação, surpreendendo a todos como um dos melhores filmes do ano. James McAvoy firma-se como astro e é o elemento chave da produção. Angelina Jolie hipnotiza cada vez que aparece em cena (e só isso). Apesar da enorme derrapada no final, adrenalina excitante é o que não falta e o que fica é o gosto de quero mais (e melhor).

Nota: 7,5

Melhores Filmes de 2008 (até agora)

1º) O NEVOEIRO







Sufocante do início ao fim, O Nevoeiro é um “filme de monstro” que leva o espectador ao ápice do desespero. O responsável pelo feito é o dirtor Frank Darabont, que surpreende ao transformar um simples filme de terror em uma obra-prima do gênero.

2º) SWEENEY TODD







O musical gótico de Tim Burton é uma saga sangrenta e bem orquestrada, não censura a violência e apresenta um visual de encantar os olhos. Em sua sexta parceria com o diretor, Johnny Depp brilha na pele do barbeiro demoníaco e Helena Broham Carter como sua comparsa.

3º) SENHORES DO CRIME







O submundo da máfia russa é explorado por David Cronenberg de forma seca e brutal nesse que é um dos melhores filmes de 2008. Viggo Mortensen incorpora o papel do motorista Nicolai e choca a platéia em uma sequência de luta prá lá de violenta contra dois matadores em uma sauna.

4º) DESEJO E REPARAÇÃO







O drama de Joe Wright não encontra muitas semelhanças com seu longa anterior, Orgulhoso e Preconceito. Nesse aqui, o diretor realiza um filme de época atemporal, demonstrando que a redenção nem sempre é possível. Destaque para as atuações de todo elenco.

5º) O GÂNGSTER







Ridley Scott consegue fazer com que os 150 minutos de O Gângster passem numa rapidez incrível. Sua façanha é manter o espectador envolvido com uma trama típica dos filmes da década de 70, e por incrível que pareça, a trama é inspirada em uma histórial real. Denzel Washington respira o personagem-título e as doses de drama e cenas de ação estão na medida.

6º) CLOVERFIELD







Outro filme de monstro no ranking! Parece que finalmente conseguiram sacar que o importante não é mostrar sangue e sim gerar tensão. Vale mais não entregar a criatura e deixá-la no imaginário do que entregar um monstrengo de mão beijada, sem impacto algum. Cloverfield tem tudo que um filme desses pede: sangue, nervosismo, uma criatura cool e um roteiro esperto.

7º) BATMAN: O CAVALEIRO DAS TREVAS







O avanço de Batman Begins para O Cavaleiro das Trevas é impressionante. Cristhoper Nolan cria um filme de suspense dentro de uma trama de super-herói. O dono do filme, o Coringa, deita e rola na telona. Heath Ledger está fantástico e sua tese sobre a maldade conduz até o desfecho emocionante.

8º) MEU NOME NÃO È JOHNNY







Ùnico filme nacional do ranking comprova que a safra brasileira de 2008 está fraca. Pelo menos, o filme de Mauro Lima figura na lista, demonstrando o talento da nossa terra em uma produção ágil, com uma boa história e ótimas interpretações (leia-se Selton Mello).

9º) APENAS UMA VEZ







Esse drama independente é uma delícia de assistir. Quase um musical, Apenas Uma Vez fala sobre as escolhas que tomamos na vida de forma poética e verdadeira. As canções tornam a sessão ainda mais encantadora.

10º) O ORFANATO







Mistério à moda antiga! O Orfanato conta sua narrativa bem lentamente e, ainda assim, mantém o público roendo as unhas. De quebra, reserva alguns sustos e revela-se um conto macabro inteligente e fascinante! Por isso, está entre os 10 melhores!

11º) LARS AND THE REAL GIRL







Uma das melhores surpresas do ano! Adorável comédia dramática sobre um cara que se apaixona por uma boneca inflável. No elenco, os ótimos Ryan Goslin e Emile Mortimer. Criativo, bastante humano e fora de comum. Recomendado!

12º) À PROVA DE MORTE







Tarantino e o seu universo da cultura pop: o requebrado femino, o culto à bebida, o personagem canastrão de Kurt Russell, a morte violenta de Rose McGowan, a participação especial do próprio diretor e a fotografia de cores vibrantes. Algo mais? Não, obrigado, já estou bem servido!

13º) OS INDOMÁVEIS







Recriação de um faroeste típico dos áureos tempos do gênero! Os Indomáveis é um drama emocionante sobre um poderoso duelo de personalidades. Russel Crowe e Christian Bale travam esse embate poderoso ao centro de várias cenas de bangue-bangue.

14º) JUNO







Um filme é o seu roteiro. Juno comprova essa teoria com diálogos inteligentes e sarcásticos em uma produção adolescente que merece ser assistida por todos os públicos. O diretor Jason Reitman dá um caráter indie e classifica a produção no estilo alternativo, enquanto Ellen Page entrega sua melhor interpretação.

15º) ACROSS THE UNIVERSE







Filme musical com canções dos Beatles não podia dar outra! Across the Universe garante presença na lista dos melhores de 2008 (até agora). É para assistir e cantar junto! As imagens multicoloridas, quase em formato de videoclipe, excitam o espectador e tornam a exibição extremamente prazerosa.

Charlie - Um Grande Garoto


Sucesso entre o público adolescente, essa comédia conseguiu seu espaço entre os filmes bobocas do gênero e de brinde, agrada todos os públicos. Charlie Bartlett é um adolescente rico e inteligente que decide traficar remédios regulamentados com receitas para se tornar popular na escola. O plano dá certo e uma revolução estudantil se anuncia.

Sem pretenções, o filme diverte como uma qualificada sessão da tarde infanto-juvenil. O elenco de apoio, com Robert Downey Jr. e Hope Davis, dá o aval de credibilidade para o projeto. Aliás, Downey Jr é o ator ideal para alcoólatras, vide seu passado e sua identificação imediata com o vício. Mais uma vez, ele mostra que está no auge da carreira.

Ainda que forçando a barra ao tentar passar uma lição de moral, o longa-metragem consegue tratar os adolescentes de forma mais realista mostrando-os problemáticos, drogados e com desejos sexuais. Mas, ainda assim, não foge de seu caráter infanto-juvenil.

Nota: 7,0

Esquina da Morte


Quem diria que Esquina da Morte, com toda essa cara de “filmeco”, iria surpreender. Não que o longa seja como O Gângster, mas é um filme menor sobre máfia, algo como Os Donos da Noite. Confesso que só levei a fita para casa quando vi os nomes dos atores: James Marsden, Giovanni Ribisi, Piper Perabo e Val Kilmer. Com esse elenco tem como recursar?

Tudo bem que todos já cometeram crimes em suas filmografias, mas vamos dar uma chance né? Afinal, são os quatro reunidos! E assim começa Esquina da Morte: Tommy Santoro se mete em enrascada no exército e para se livrar da pena aceita a proposta de vigiar seu primo Joey, informando seus passos a polícia. Enquanto Tommy estava investindo em sua carreira militar, Joey se tornou um dos chefões do tráfico e está metido até o último fio do cabelo com gangues de mafiosos. O dilema de delatar ou não põe tudo a perder.

James Marsden, que mesmo sendo um ator pelo qual simpatizo, termina não combinando com o porte de mafioso. Ao contrário de Giovanni Ribisi, que entrega mais uma ótima performance como o desequilibrado Joey. Falecido no início do ano, Brad Renfro também aparece em cena em uma de suas últimas atuações e comprova que tinha talento. Se a trama não é tão original, o filme compensa com o seu andamento lento, em uma linguagem simples e eficiente. Além do mais, é inspirada em uma história real.

Nota: 7,0

Santos e Demônios


Robert Downey Jr. voltou com tudo ao “grande” time de astros de Hollywood. Entre as superproduções, como "Zodíaco" e "Homem de Ferro", o ator realiza filmes menores como "Charlie Bartleett" e este aqui, "A Guide to Reconize Your Saints". Nem é preciso dizer que o nome original é sempre melhor que as sofríveis “traduções”.

O diretor estreante Dito Montiel conta sua própria história, baseada em livro de sua autoria, e consegue um debut melhor do que muitos vistos recentemente. Com a força de um ótimo elenco e o incentivo do Sundance, o filme foi alavancado rapidamente ganhando notoriedade e boas críticas.

As atuações dos veteranos Dianne Wiest e Chazz Palminteri (excelente) aumentam a avaliação, enquanto os sempre competentes Robert Downey Jr. e Rosario Dawson completam o quadro de estrelas. Shia LaBeouf aparece em seu primeiro papel de destaque no cinema, anunciando o sucesso que estava por vir. Channing Tatum mostra que pode ser um bom ator e promete se tornar igualmente famoso quanto o companheiro de cena.

O drama é todo ambientado no bairro Queens, em Nova York, contando a infância de um grupo de amigos e da rivalidade que sofrem com as gangues de rua. Os romances adolescentes, as influências da violência e a educação familiar entram na balança. A história de Dito é um bonito conto sobre amadurecimento, da ânsia de sair da realidade oprimida para atingir os sonhos e objetivos traçados.

Dito não quer ficar nesse inferno, mas para isso terá que deixar todos para trás. No final, analisando suas escolhas, ele emociona o público ao constatar que se desfez de todas pessoas que amava, porém nenhuma delas o deixou. Mensagem captada!

Nota: 7,2