Sinédoque, Nova York


Assistir “Sinédoque, Nova York” não é tarefa fácil. Digo isso porque fui muito bem informado a respeito do filme e, já sabia de antemão que a realidade era distorcida conforme a visão do personagem de Phillip Seymor Hoffman. Assim, tinha conhecimento prévio da casa que está em chamas eternas (e qual era sua metáfora), sabia que o personagem central iria interagir com seu alter-ego personificado na figura de um idoso chamado Sammy, sabia também da passagem brusca do tempo, das várias mulheres na vida do protagonista e de sua obsessão sem limites com a idéia da morte. Mesmo com todas essas informações e outras mais, chegou um ponto em que perdi a direção do que estava vendo na tela.

O filme começa mostrando o relacionamento familiar de Caden com sua esposa e filha. Os diálogos e o desenvolvimento das cenas são originais e de um humor negro excelente, ganhando de imediato a confiança dos fãs do roteirista consagrado (e agora diretor) Charlie Kaufman. A narrativa avança cada vez mais interessante, porém, quando beira a metade do filme o espectador “normal” começa a ter dificuldades na tentiva de acompanhar os delírios do protagonista. Quanto mais se aproxima do final, mais confusa se torna a compreensão do que está sendo exibido.

Ao embarcar na proposta de “Sinédoque, Nova York” – assim como os demais filmes do roteirista – é preciso saber que não se trata de um filme convencional. Kauffman ganhou a admiração através dos ótimos “Quero Ser John Malkovich”, “Adaptação” e de sua obra-prima “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”. Nenhum deles é um longa-metragem padrão. Assim como essas criações, “Sinédoque” apresenta questões muito interessantes, como a eminência da morte, as realizações pessoais e o sentido da vida. O problema é a forma densa e confusa como esse conteúdo é compartilhado, afastando gradativamente o espectador de um contato maior com a película.

É difícil acreditar que no site IMDB a produção consta com nota 7,3 através de mais de 14 mil votos. Esse dado comprova que boa parte das pessoas gostaram do projeto (mesmo se tratando de um “filme-cabeça”). Será que realmente elas entenderam alguma coisa? Não quero fazer campanha para deixarem bem mastigado tudo que é apresentado na história (até porque sou contra), mas pelo menos peço que o roteiro seja ao menos compreensível. Por isso, ao término da sessão de “Sinédoque, Nova York” fiquei com a sensação de que perdi um grande filme. Talvez assistindo uma segunda vez seja mais elucidativo.

Nota: 6,5

0 comentários:

Postar um comentário