Alice no País das Maravilhas


“Alice” foi apenas o primeiro. Pode ir se preparando para uma enxurrada de produções cinematográficas em 3D que irão recontar as clássicas histórias infantis. Os anúncios começaram a ser divulgados após a confirmação do novo recorde do filme: em três meses da estreia mundial, ultrapassou a marca de 1 bilhão de dólares e está atrás apenas de “Avatar” e “Titanic”. Descartando as arrecadações de bilheteria, o longa-metragem é indiscutivelmente um banquete visual, reproduzindo exatamente o que foi proposto pela extasiante divulgação. Assim, a experiência de assistir no cinema, aliado com a tecnologia 3D, é para deixar o público maravilhado com o universo grandioso criado por Tim Burton.

A história homônima de Lewis Caroll é recontada e transformada em uma aventura fantástica, com a introdução de uma guerra entre dois reinos, monstros, cavaleiros do mal, dilemas amorosos e muito mais. Não dá para esperar fidelidade ao original – até porque o roteiro condensa o livro do título e sua continuação, “Através do Espelho”. As primeiras cenas exibindo uma Alice adolescente sendo pedida em casamento já demonstram que estamos frente a frente a uma nova proposta. Para aproveitar a viagem, é preciso mergulhar no universo lisérgico do conto e não se preocupar com suas origens.

O chapeleiro maluco, a lagarta que fuma narguilé, o coelho serelepe e o gato risonho estão no filme, cada um com suas excentricidades adoráveis. A produção consegue valorizar esse punhado de personagens bacanas, embora sempre tenha alguns que se destacam mais, como é o caso dos gêmeos gordinhos com suas façanhas humorísticas e a Rainha Vermelha, de uma maldade divertida – mérito da perfeita atuação de Helena Broham Carter. Já a jovem Mia Wasikowska, que tem o perfil ideal para interpretar a protagonista, fica apagada perante os seres de Wonderland, que são infinitamente mais atrativos.

A base do filme pode ser “Alice no País das Maravilhas”, mas definitivamente essa não é a história contada na tela. Tim Burton utilizou o ponto forte do conto original - a situação atípica de uma menina cair em um buraco, diminuir de tamanho e conviver com seres bizarros em uma terra desconhecida - e esculpiu para a sua musa um universo novo com maior desenvolvimento dentro e fora do mundo fantástico, sem deixar de lado o seu toque gótico inconfundível. A tradução rendeu uma aventura deslumbrante, que, assim como o original, encanta em suas particularidades.

Nota: 8

2 comentários:

Misael Lima disse...

Esse eu tenho que discordar. Na minha opinião foi um dos filmes mais superestimados do ano. Pecou por não ter nem cenas, nem diálogos e nem personagens marcantes. Mesmo o Depp parece ligado no piloto automático...

pirs disse...

Primeira crítica que vejo que fala bem do filme.

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