Tão Forte e Tão Perto


A indicação de “Tão Forte e Tão Perto” como Melhor Filme no Oscar só pode ser resultado do amor da Academia pelo diretor Stephen Daldry. Todos os seus filmes (“Billy Elliot”, “As Horas” e “O Leitor”) foram indicados na categoria. Todos merecidamente, é claro. Com exceção deste último. “Tão Forte e Tão Perto” é de longe o pior filme do cineasta, não tanto pela direção pouco inspirada desta vez, mas principalmente por um roteiro absurdamente irregular.

O filme conta a história de um garoto de 11 anos, Oskar (Thomas Horn, precisando de umas aulas de atuação), que perde o pai no atentado de 11 de setembro. Sua única motivação é uma misteriosa chave encontrada nos pertences do falecido. O menino é o protagonista do filme, está em cena praticamente 90% do tempo. Porém, seu personagem é irritante. Tem atitudes infantis demais, não possui carisma e por muitos momentos esquece da sua síndrome de Asperger e pega tranquilamente um metrô ou passa por uma porta eletrônica sem problemas . Fora que para um rapaz tímido e com problemas de comunicação, ele não cala a boca um segundo.

As visitas de Oskar aos possíveis detentores da fechadura aberta pela chave são passadas na tela sem emoção alguma. São pouco aproveitadas pela história. Ao invés de fazer uma visão geral sobre o sofrimento do mundo, como chega a insinuar em um diálogo da mãe (Sandra Bullock, tentando ser atriz séria) no final, o roteiro opta por explorar mensagens em uma secretária eletrônica ou o fato do vizinho poder ser avó do garoto. Ambas situações sem tanto propósito com a trama. Até mesmo o fato da morte do pai ocorrer durante um ataque terrorista não apresenta um motivo significativo ou que contribua ao contexto narrativo.

Assim, inconstante e sem uma linha condutora forte, o novo filme de Stephen Daldry naufraga em intenções. Por ser adaptação de um livro, talvez o original consiga nas páginas suprir o que na tela ficou tão irregular. Mesmo com pequenas (e inspiradas) participações de Viola Davis e Max Von Sydon, o filme não decola. Ganha certo fôlego somente nos 10 minutos finais. “Tão Forte e Tão Perto” soa como uma tentativa infeliz de levar o público às lágrimas.

Nota: 4

0 comentários:

Postar um comentário