Inimigos Públicos


Era de John Dillenger o primeiro lugar na lista dos mais procurados pela polícia dos Estados Unidos em 1930. O ladrão de bancos conseguia realizar cada operação em menos de dois minutos e, por estes incríveis roubos despertou uma aura de fascinação ao seu redor. Contrariando a entusiástica população, o detetive Charles Makley trabalhava obsessivamente para capturá-lo.

O thriller lotado de sequências de tiroteios não nega que é dirigido por Michael Mann. Sua concepção de cenas de ação segue com o inconfundível formato: câmera nervosa + barulheira de pistolas e/ou metralhadoras + som ambiente sem trilha sonora. A extrema valorização dessas tomadas tirou o foco da construção do personagem icônico e deixou o retrato de Dillenger enfraquecido.

Com muitos tiros e poucas falas, Johnny Deep alia o lado durão do personagem com sua face mais sensível e romântica, personificada pela bela Marion Cottilard. Embora a trama histórica não seja bem desenvolvida, o filme rende um entretenimento de boas atuações, ótimas cenas de ação e muito jazz.

Nota: 8,0

O Visitante


“O Visitante” é mais um filme sobre imigrantes clandestinos que disputou algumas categorias no Oscar 2009 e figurou na lista de indicações com Richard Jenkins ao prêmio de Melhor Ator. A estatueta acabou nas mãos de Sean Penn por “Milk” – por sinal, mais merecido.

O filme escrito e dirigido por Thomas McCartney é sobre um professor universitário que retorna a Nova York para apresentar um artigo científico em um congresso e decide passar esses dias no apartamento do qual dono. Chegando lá, descobre que está sendo habitado ilegalmente por um casal de imigrantes da Síria e do Senegal. Sua primeira atitude é esperar que os “invasores” deixem o local – e eles o fazem. Mas, o professor fica mobilizado com a situação do casal e dá abrigo para ambos.

A convivência com os dois (e futuramente com a mãe de um deles) fará o protagonista rever a forma patética como estava levando sua vida, anulada por uma rotina tediosa e sem objetivos. Essa nova relação se torna benéfica tanto para “o visitante” do título como também para os mais recentes amigos. O “twist” do roteiro acontece quando a polícia descobre a ilegalidade dos imigrantes.

Além da atuação bastante elogiada de Jenkins, o desconhecido Haaz Sleiman mostra-se muito competente e carismático na pele do músico sírio Tarek. Tristemente belo e nada clichê, “O Visitante” é um drama envolvente e terno sobre a vontade de viver (embora que em uma injusta realidade).

Nota: 8

A Mulher Invisível


Um dos filmes mais lucrativos do cinema nacional em 2009 foi “A Mulher Invisível”, do diretor Cláudio Torres. Nele, Selton Mello vive um cara extremamente romântico que de tanto mimar acaba sufocando suas namoradas. Após sofrer diversas desilusões amorosas, ele passa a acreditar que a vizinha gostosona (Luana Piovanni) está a fim dele. O grande senão é que ele não sabe que a sua nova amada é fruto de sua imaginação.

O principal objetivo de um filme como esse é levar o público as risadas – proporcionando também entretenimento de qualidade. “A Mulher Invisível” pode até gerar alguma graça com suas situações cômicas, mas apresenta no desenvolver vários obstáculos. O primeiro, certamente, é a atuação forçadíssima de Selton Mello – um dos melhores atores brasileiros que dessa vez exagera nos trejeitos do personagem e faz uma voz fina (irritante e inverossímel) que mal dá para entender.

Ainda no conjunto de defeitos, temos o ritmo quebrado da produção, que intercala a levemente interessante trama da mulher invisível com a história chata da outra vizinha (a morena). O filme extende-se demais justamente por isso e, sem a menor necessidade. Com 75 minutos, poderia ser mais objetivo, concentraria melhor seus momentos engraçados e terminaria como um entretenimento bobo, porém funcional. No final, quem sai ganhando mesmo é Luana, que brilha em todas as cenas (até mesmo como atriz).

Nota: 4,5

Os Informantes


Os livros de Bret Easton Ellis apresentam como temas centrais drogas, sexo, violência, rock e muita grana. Adaptação de um livro de contos do autor, “Os Informantes” aborda justamente esses tópicos para retratar o hedonismo dos anos 80 em Hollywood, que até hoje ainda vigora mas de forma disfarçada. Esse culto ao lazer é destrinchado pelas diversas narrativas, demonstrando que essa vida deslumbrada leva a auto-destruição.

O pacote inclui uma equipe de atores totalmente empenhados em convencer na pele de seus personagens e muitos realizam uma de suas melhores interpretações. Os novatos Jon Foster e Amber Heard representam perfeitamente os jovens perdidos na cidade do pecado – o que pode ser analisado em diferentes esferas.

Ao compará-la com o livro, a versão cinematográfica ganha pontos por conseguir unir as histórias e transformá-las em uma única. Os encaixes desse quebra-cabeça proporcionam uma adaptação justa – embora que não consiga transpor toda a acidez da escrita de Ellis, que só será inteiramente compreendida ao ter o livro em mãos. O longa-metragem cria desfechos novos para alguns personagens e torna o filme mais completo, deixando às claras a discussão sobre aproveitar o brilho efêmero desta vida de luxo ou reduzir-se a mediocridade e pequenez dos demais. O lance é a futilidade de quem está no topo, que só vai perceber o que está realmente fazendo quando as luzes que ofuscam a sua visão forem embora, deixando a realidade exposta.

“Os Informantes” é um filme para poucos – assim como os livros do autor – e a crítica a esse mundo vazio fica para quem conseguir captar a essência por trás das tortuosas tramas. Se você acabar odiando a produção, pelo menos terá assistido Amber em cenas deliciosas na qual comprova toda sua estúpida beleza e só por isso o filme já terá valido a pena.

Nota: 8,5

Trabalho Sujo


Os produtores de “Pequena Miss Sunshine” chegam com uma nova comédia dramática, só que desta vez é sobre duas irmãs “fracassadas” que resolvem ter um negócio próprio para subir na vida. A empresa até que se torna bem lucrativa, porém é algo fora do comum e nada agradável. Elas trabalham com o serviço de remoção de indícios após as cenas de crime, ou seja, limpam todo o sangue e derivados dos locais.

A personagem de Amy Adams não quer mais trabalhar como faxineira em casas de pessoas bem sucedidas que foram suas colegas no tempo de escola. Quando decide mudar de situação econômica, ela dá a cara para bater e chama sua irmã na realização da primeira limpeza. Essa purificação reverte-se também na alma dos personagens, que aos poucos vão ganhando mais confiança e passam a se livrar de pesos que os prendem ao passado.

“Trabalho Sujo” é um filme modesto, que ganha a simpatia do público logo nos créditos iniciais quando exprime toda a angústia vivida pelas duas irmãs - em poucos segundos já conhecemos quem são aquelas pessoas. O trio Adams, Emily Blunt e Alan Arkin ajudam (e muito) para a consistência desses seres transgressores, que representam a vida ordinária a qual os norte-americanos não querem levar de jeito nenhum.

Os míseros 80 minutos de duração tornam-se o maior empecilho do projeto, já que poderiam ter abordado mais assuntos e com maior profundidade do que encerrar de forma abrupta. Como curiosidade, o filme ainda demonstra a facilidade de subir na vida na “América”, bastante diferente do que acontece no terceiro mundo onde o fator pobreza possui uma conotação totalmente díspar.

Nota: 7,4

Rio Congelado


O filme da estreante Courtney Hunt não é apenas sobre duas mulheres que se unem para introduzir imigrantes ilegais a partir da fronteira canadense. “Rio Congelado” aborda, principalmente, os motivos pelos quais estas personagens são levadas a esse tipo de atitude. No foco central temos Ray Eddie, uma mãe que vive em um trailer com os dois filhos e foi abandona pelo marido. A situação financeira chega a um nível insustentável e a chance de mudar de vida, comprando uma casa nova e pré-moldada, é mais tentadora que os argumentos contra a prática do crime. Assim, ela e uma contrabandista realizam o esquema ilegal através de uma reserva indígena Mohawk, tida como território neutro.

Melissa Leo transborda sensibilidade e emoção como uma mulher judiada pela vida e que não consegue um futuro melhor para sua família. Mais do que merecido, a atriz foi lembrada (ao menos em indicações) em diversas premiações do ano passado. Também tremendamente elogiada foi a diretora e roteirista Hunt, que dá um enfoque humano – e tenso - para a história, privilegiando essencialmente suas crias.

Nota: 7,8

Amantes


Faz quatro meses que Leonard voltou a morar com os pais. Apesar de ter mais de trinta anos, estes ainda o tratam como criança - isso porque ele recentemente foi abandonado por sua noiva, tentou se suicidar duas vezes e ainda descobriu que possui transtorno bi-polar, precisando de medicação constante. Durante o processo de recuperação ele conhece a filha do sócio de seu pai, Sandra, que revela estar interessada em um futuro amoroso com Leonard. Ao mesmo tempo, ele também passa a se relacionar com a vizinha do andar de cima, Michelle, e imediatamente se apaixona por ela. Sem poder firmar essa paixão, já que ela está envolvida com um homem casado, ele começa a namorar Sandra.

“Amantes” dialoga com o público sobre essas barreiras que impossibilitam o teste da felicidade idealizada, frustrando ou levando a atitudes extremas. A dor do personagem de Joaquim Phoenix contagia de forma crescente e a medida que seu personagem “sangra” na tela é possível sentir com maior intensidade as suas angústias. O clima pesado presente desde o início anuncia um final trágico, como em “Match Point” – aliás, ambos apresentam diversas semelhanças – mas é não bem o que acontece. O desfecho realista conclui a obra com maestria, provando ser uma história de amor adulta e que provavelmente deixará um gosto bastante amargo no espectador.

Nota: 8,0

O Segurança Fora de Controle


No cartaz original do filme está escrito: “Right now, the world needs a hero (agora mesmo, o mundo precisa de um herói)”. É chocante constatar que o suposto herói proposto é Ronnie Barnhardt, um segurança de shopping completamente maluco – digno de cadeia. O cara é um ser desprezível: racista ao extremo, utiliza drogas em pleno trabalho, bate em crianças e toma as atitudes mais estúpidas. A frase do pôster pode estar brincando com a situação, sendo até mesmo irônica, mas a narrativa abraça essa figura e enaltece o personagem revoltante.

O ponto de partida é bastante interessante e seu desenvolvimento inicial comprova isso. O dia-a-dia mesquinho de Ronnie muda quando um pervertido passa a atacar no shopping expondo para os clientes suas partes íntimas. O segurança enxerga nessa ação a chance de mostrar que é capaz de prender um criminoso, conquistar o amor da sua vida, a atendente na de uma loja feminina, e ainda ingressar na polícia. Seus sonhos encontram um obstáculo na figura do detetive Harrison que assume o caso e tira Ronnie da jogada.

O filme começa divertido, por vezes, soando grosseiro – mas algo ainda esperado numa comédia. Porém, aos poucos as situações tornam-se cada vez mais ofensivas, de um humor negro desconfortável e o personagem que deveria gerar no mínimo um pouco de simpatia torna-se detestável. A salvação do projeto são os bons atores: Seth Rogen é convincente até demais no papel principal e Anna Faris e Ray Liotta são ótimos coadjuvantes.

Ao término do filme é normal questionar o estado mental de uma criatura que escreve um roteiro desses, que só pode ser alguém doente da cabeça. Mesmo assim, apesar das brincadeiras de mau gosto, “Observe and Report” tem seus momentos engraçados.

Nota: 5,0

The Young Victoria


De forma rápida e objetiva esta cinebiografia sobre a Rainha Vitória origina uma espécie de esboço sobre uma das figuras mais importantes que governaram a Inglaterra. Com baixa duração, o filme transcorre pela vida da personagem com certo pique e retrata melhor o seu lado humano, desnundado o ícone real ao mostrá-la como uma jovem influenciada por vários conselheiros. Apesar dessa questionável característica, a rainha é determinada, rebelde e preocupada com o seu povo.

Felizmente, “The Young Victoria” não é um filme essencialmente político. O casal Emily Blunt e Rupert Friend encontra química como protagonista da trama e o seu romance toma conta da tela. Também é interessante o jeito que apresentam a importância do Príncipe Albert na histórial – altamente relevante. Vale muito a pena assistir o filme para conhecer a história da Rainha Victória, e o melhor é que não causa bocejos em nenhum instante.

Nota: 7,9

What Goes Up


Repórter obcecado por heróis locais viaja para cidade do interior em busca de mais um desses casos. Ao invés de investigar o episódio que lhe foi destinado, fica fascinado pela história de um professor suicida que deixou um grupo de alunos inconformados. Aos poucos o repórter se envolve com os estudantes e passa a servir como um nada convencional modelo para os jovens.

“What Goes Up” possui aquele estilo de filme alternativo típico dos Estados Unidos – explicando melhor, possui como característica principal uma galeria de personagens que são por natureza bizarros (comprovando isso temos como destaque a dupla de “gêmeas” que só realiza ações estranhas). O projeto ainda apresenta um Steve Coogan extremamente confiante à frente do elenco e a bela e simpática Hillary Duff em um papel mais sério e dramático. Desprezando a curiosidade inicial com o longa, temos por fim um filme chato, que engatinha durante duas horas para não significar muita coisa. Que azar!

Nota: 4,9

Férias Frustradas de Verão


Após “Superbad”, o mega hit do verão norte-americano em 2008, o diretor Greg Motolla lança com altas expectativas sua mais nova comédia. “Adventureland” foi vendido como um mais um exemplar do riso – algo semelhante ao filme anterior de Motolla. O que vemos aqui é um drama simpático sobre inseguranças e relacionamentos na adolescência.

James recém se formou no colégio e seu plano imediato é cursar jornalismo em uma faculdade de Nova York. Logo de cara recebe a notícia que seu pai foi rebaixado de cargo na empresa, e a situação financeira não está das melhores. Para ajudar nas despesas e realizar seu sonho, ele decide procurar um emprego temporário durante o verão. Acaba sendo admitido apenas no parque de diversões como instrutor de jogos. Dessa forma ele conhece boa parte dos personagens do filme: seu interesse amoroso, a garoto gostosona, o mal-caráter, o amigo nerd, o proprietário psicopata e outras figuras estereotipadas.

As aventuras amorosas de James integram o principal direcionamento da produção, deixando de lado a “clássica” comédia. Essa escolha não repercute de forma negativa, até pelo contrário. Raramente se assiste um drama honesto (e descontraído) sobre adolescentes dentro da indústria hollywoodiana. “Adventureland” poderia ter alçado voos maiores em sua narrativa, explorando melhor o ótimo cenário do parque de diversões para introduzir elementos diferentes na estrutura. Já que não o faz, torna-se um filme agradável, porém inofensivo.

Nota: 7,0

Nossa Vida Não Cabe Num Opala


Decididamente não entendo como produzem filmes como este aqui. “Nossa Vida Não Cabe Num Opala” me chamou a atenção inicialmente pelo curioso título e pelo cartaz em forma de animação. Ao assistí-lo constatei estar frente a frente a um dos piores filmes nacionais dos últimos anos.

O longa-metragem inicia com a morte do patriarca de uma família humilde, que deixa desemparados quatro filhos. Estas criaturas são deprimentes, consideradas vítimas da sociedade por um roteiro grosseiro que não encontra justificavas para as cenas grotestas que revela. A crítica social que julga fazer não chega a ter força suficiente, e convenhamos, poderia ser realizada de outras formas muito mais eficazes.

Me admira bons atores como Leonardo Medeiros, Maria Luisa Mendonça e Marília Pera estarem envolvidos nesta produção – também fiquei surpreso ao descobrir que é baseado em uma peça teatral. Tenho convicção que o público não possui intenções de assistir um espetáculo como este, já que em nenhum momento chega a ser um entretenimento de qualidade. A nota que consta ao final desta crítica só vai para os créditos iniciais e alguns momentos interessantes nas interpretações, como a figura do fantasma do pai dos quatro irmãos.

Nota: 2,0

Tinha Que Ser Você


O encontro de dois atores prestigiados, Emma Thompson e Dustin Hoffman, são o principal atrativo deste delicado filme adulto. De um lado temos Kate, uma desiludida quarentona que só pensa no seu trabalho e nos cuidados com a mãe. No outra ponta, Harvey é também quarentão e viaja de Nova York para Londres somente para prestigiar o casamento da filha. Ele é um sujeito amargurado, que sofre pela influência cada vez mais intensa do novo marido da ex-esposa, agindo agora como se fosse o verdadeiro pai de sua filha. A situação piora quando recebe a notícia de que não precisa voltar tão cedo para os Estados Unidos porque seu emprego foi pelos ares. Esses dois seres insatisfeitos se conhecem por acaso em um dia comum na cidade grande e a oportunidade de mudança mexe com o cotidiano habitual que antes compartilhavam.

“Tinha Que Ser Você” leva tempo para desenvolver seus personagens e quando os coloca cara a cara transforma-se em uma espécie de “Antes do Amanhecer” em que os dois conversam como velhos conhecidos sobre diversos temas. A dupla não só encontra afinidade, como também serve de ajuda um para o outro. A chance do título original acaba servindo não só para Harvey como também para Kate, e juntos eles ganham um novo incentivo para suas vidas desistimulantes.

O romance adulto é um tema que vem sendo explorado com certa frequencia no cinema atual e encontrando bom público para o mesmo. Este exemplar é bastante simplista, sem diferenciais perante as demais histórias já vistas. O que o qualifica são pequenos tons na narrativa que elevam o tradicional enfoque e, somado a isso estão as impecáveis atuações dos protagonistas.

Nota: 7,0

Eu Te Amo, Cara


Às vésperas de seu casamento, Peter Klaven percebe que não possui amigos homens para convidar como padrinho. Inicia então uma busca por um cara que seja verdadeiramente seu amigo, nem que para isso tenha que desenvolver uma amizade às pressas. Após algumas investidas mal sucedidas ele bate um papo sem pretensão alguma com o excêntrico Sydney Fife. Surge entre ambos uma amizade honesta que colocará Peter em algumas enrascadas.

O roteiro de Larry Levin e do diretor John Hamburg deixa escapar a grande oportunidade de explorar o universo da amizade masculina e desvia o curso para situações sem a menor graça, apoiando-se em cenas escatológicas e de pouca empatia. A premissa de alto potencial revela-se um texto raso e típico das demais comédias americanas.

Ao menos, espera-se mais de Paul Rudd que andava destacando-se em projetos anteriores, como o divertidíssimo “Modelos Nada Corretos (ou “Faça o que eu digo, não faça o que eu faço”). Jason Segel, do seriado “How I Met Your Mother”, apresenta o mesmo personagem de estilo desleixado e repugnante já visto em filmes como “Ressaca de Amor”. A combinação de todos elementos de “Eu Te Amo, Cara” não formam uma junção digna de divertimento. O filme possui raros momentos interessantes, mas não justificam o valor total do ingresso.

Nota: 5,0

17 Outra Vez


A velha história de um adulto voltar a ser adolescente já foi vista em inúmeras produções, mas parece que a indústria cinematográfica hollywoodiana não cansa de repetir fórmulas do passado. Mike O´Donnell, aos seus 30 e poucos anos, ganha a chance de voltar a sua época de glória no colégio. Ao invés de usufruir dos benefícios da juventude e reescrever sua vida de forma totalmente diferente, ele opta por aproximar-se dos filhos e da ex-mulher.

Apesar de não ser desta produtora, “17 Outra Vez” é um típico filme da Disney. Justamente por ter esta atmosfera de fábula que ninguém percebe a gigantesca mudança do personagem. Ou seja, os filhos não chegam a perceber que o novo garoto é idêntico ao pai deles quando jovem ou que este é conhecedor de todos os detalhes da família. Aliás, Mike na versão colegial dá furos demais dando sermões ridículos em adolescentes ou agindo como se fosse mesmo o pai de seus filhos.

Se não levarmos em consideração essas características inconvenientes e alguns personagens extremamente estúpidos, como o amigo Ned e a diretora da escola, podemos assistir um divertido filme. O clima de Sessão da Tarde é óbvio, então desconte também a trama previsível. Caso você não assista agora nos cinemas e nem depois em DVD, não se preocupe: o filme repetirá incansavelmente nas tardes da Globo.

Nota: 7,0

O Solista


Em menos de cinco anos, o diretor Joe Wright se tornou referência de bom cinema. O principal motivo foi a bela adaptação do clássico de Jane Austen “Orgulho e Preconceito”, em 2005, e logo após, o também de época “Desejo e Reparação”. Se alguém esperava que Wright ficaria preso entre os clássicos romances de outrora, se enganou feio. O filme seguinte, lançado este ano, foi “O Solista”, uma história verídica atual sobre a relação de um jornalista com sua fonte.

Na trama, Steve Lopez possui uma coluna própria no LA Times e precisa entreter seu leitor com novidades a cada semana. Buscando inspirações, ele depara-se com Nathaniel Ayers, um violinista que estudou na famosa escola de música Jillard School e agora está vivendo nas ruas de Los Angeles. O que seria apenas uma nova pauta para Lopez transforma-se em uma parceria muito além dos limites profissionais.

A amizade entre os dois é natural e a forma como a relação é desenvolvida não cai em artifícios baratos. O envolvimento do jornalista procurando ajudar Nathaniel é emocionante. Em certo diálogo, o personagem de Robert Downey Jr diz que nunca chegou a amar algo na mesma intensidade como Nathaniel ama a música. Ele completa afirmando que está muito satisfeito em fazer algo útil na sua vida. A ex-esposa de Lopez rebate dizendo que este é um momento de graça e é preciso dar valor para estas passagens. A troca mútua entre o jornalista e o músico transforma ambos e gera lentamente mudanças em suas atitudes.

“O Solista” não é um filme basicamente sobre superação como muitos outros. Ao todo é uma história sobre aprendizado e amizade. O inusitado é que o personagem mais interessante acaba sendo o próprio jornalista ao tornar seu conflito mais real e digno de questionamentos. O músico cheio de problemas fica para o segundo plano porque sua figura tornou-se clichê através de diversos filmes que utilizaram de personagens semelhantes. Ainda assim, o duelo de atuações é intenso. O trabalho de Robert Downey Jr destaca-se ao comprovar mais uma vez que está em sua melhor fase na carreira, superando o belo desempenho do colega Jammie Foxx.

O filme aparentemente pode parecer chato, mas “O Solista” após seus segundos iniciais não decepciona o público. Talvez uma de suas melhores qualidades seja a forma humana como lida com os personagens e situações, resolvendo seus impasses do mesmo jeito que acontece na vida real. Chegamos a esperar cenas básicas de filmes nesse estilo, mas elas nunca ocorrem. “O Solista” é um projeto cuidadoso, bonito e nada artificial. Esta é a sua glória.

Nota: 8,5

Sete Vidas


Sabe aquele filme que não se entende o que está acontecendo durante todo o tempo e nos cinco minutos finais o segredo é revelado e tudo deve fazer sentido? Você já deve ter assistido vários nesse estilo, e “Sete Vidas” é mais deles. Seu grande mérito é despertar a curiosidade no espectador para que ele permaneça até o último segundo grudado na trama. Falando nela, Will Smith interpreta um agente da Receita Federal que após um trauma recente decide ajudar pessoas desconhecidas. “Sete Vidas” é feito para emocionar, mas a sua resolução força um pouco a barra. Ainda assim, é um bom passatempo. Ah, e só para constar, Will Smith se amargurou tanto para o papel que não atinge o carisma esperado.


Nota: 7,5

A Troca


A luta de uma mãe para encontrar seu filho desaparecido é o cerne deste drama noir dirigido por Clint Eastwood. Christine Collins é uma personagem forte, incansável em sua busca e que enfrentará a polícia de Los Angeles para obter qualquer pista sobre o seu menino Walter. A história de “A Troca” é baseada em fatos reais, mas se não fosse a mão segura do diretor poderíamos assistir um novelão chatíssimo.

Eastwood dá charme para a produção e nos apresenta um filme contemplativo sobre um escândalo do início do século XX. O brucutu dos filmes de ação mostra que é muito sensível e aborda o caso de Christine com todos os cuidados necessários. Angelina Jolie completa com uma atuação irretocável.

Nota: 7,8