Um Jogo de Vida ou Morte


A disputa travada entre Michael Caine e Jude Law em Um Jogo de Vida ao Morte não requer nenhum outro personagem em cena. Durante os 90 minutos, são apenas os dois atores num embate inteligente e de várias surpresas. O filme é refilmagem de Jogo Mortal, de 1972, mas que pode ser encontrado igualmente em VHS como Trama Diabólica.

Os dois astros apresentam as atuações de suas vidas. Conferindo os extras do DVD, é possível observar o carinho da dupla com o projeto, no qual Law também assina como produtor. Ao assistir o longa, fica difícil identificar quem está melhor em cena, ao mesmo tempo que é difícil também identificar qual dos personagens está no comando da situação.

Os diálogos espertos e sacanas só melhoram o conteúdo deste thriller elegante ao extremo, onde o seu principal refinamento são os planos tortos e distantes do diretor Kenneth Branagh e o visual moderno que atribuiu à mansão onde se passa a história. As várias camadas do enredo dividem esse duelo em três atos, que só pecam pelo rápido e superficial desenvolvimento de cada um deles. Por incrível que pareça, o filme para ser melhor, só precisava ser mais longo.

Nota: 7,2

Sem Medo de Morrer


No momento em que o título original do filme começa a fazer sentido para o espectador, percebe-se a gigantesca reviravolta que a trama propõe. A produção passa a ser definida justamente por essa mudança de rumo na vida da professora Diana. O que aparentava ser a vida de uma mulher, já estabelecida com marido e filha, que relembra seu tempo de escola onde dividia bons momentos com sua melhor amiga é transformado e mexido de tal forma que trai o público.

Sendo vendido como drama desde sua abertura até os 10 minutos finais, Sem Medo de Morrer não convece ao se tornar um suspense em seu encerramento. A jogada supostamente surpreendente não é engolida e termina confundindo mais do que justificando. De qualquer maneira, o caminho do espectador até essa brusca mudança não é tão prazeiroso a ponto de favorecer o filme. Tanto o andamento principal como o que é proposto no final não funcionam. Nem mesmo Uma Thurman e Evan Rachel Wood salvam a platéia da frustração.

Nota: 4,5

Antes Que o Diabo Saiba Que Você Está Morto


Não existe redenção em Antes Que o Diabo Saiba Que Você Está Morto. Todos personagens pagam seus pecados. Ethan Hawke e Phillip Seymor Hoffman interpretam dois irmãos falidos que desejam dar um golpe nos pais donos de uma joalheria. Como um deles mesmos diz, “nós conhecemos o local, vai ser barbada”. A aparente simplicidade da situação desmorona quando tudo dá errado e uma série de complicações implica nas atitudes furiosas vistas mais para o final.

O veterano Sidney Lumet dirige um filme nervoso, que sufoca os protagonistas e o espectador. A transformação da vida desses irmãos em um verdadeiro caos é o reflexo das consequência de uma sociedade cada vez mais imediatista e dominada pelo capitalismo. O recurso não-linear que observa a versão do golpe por vários personagens dá ainda mais complexidade ao projeto.

Por mais que seja necessário, a utilização desses flashbacks torna-se cansativo e a repetição de algumas cenas quebram o clima Do resto, a complexidade da trama observada em vários detalhes que se fundem nas linhas narrativas elevam a qualidade da produção. Completando, temos as ótimas atuações de Phillip Seymor Hoffman e Ethan Hawke e como brinde, Marisa Tomei mais linda do nunca e em cenas bem à vontade.

Nota: 7,6

Apenas Uma Vez


Essa pérola ficou apagada entre os filmes com mega astros na última cerimônia do Oscar. Não estou cogitando sua premiação nas principais categorias, até porque a produção foi indicada naquela que merecia e foi vitoriosa. A música “Falling Slowly” venceu como Melhor Canção e é tão encantadora quanto o filme.

Apenas Uma Vez é quase um musical. As músicas são apresentadas por inteiro, sendo tocadas e cantadas por mais de 4 minutos sem interrupção. Em uma cena, a atriz Markéta Irglová caminha pela rua cantando sem vergonha nenhuma, exatamente como um filme do gênero. Essa mistura entre filme dramático e musical dá origem a um projeto independente e imperdível.

O que move a trama é a relação, totalmente por acaso, de um músico de rua com uma jovem mãe solteira. A simpática narrativa contém figuras comuns, que lutam para que seus sonhos sobrevivam e, quem sabe um dia, se tornem realidade. Essa banalidade se aproximando cai por terra quando o roteiro discuste sobre as escolhas de seus personagens e de como definimos nossas vidas. O título fala justamente sobre as experiências que optamos seguir ou esquecer pelo caminho. A cena final é tão poética e triste que parte o coração dos que vêem a vida de forma mais romântica.

Nota: 8,0

Os Indomáveis


Quem diria que em plenos anos 2000 o diretor de Garota, Interrompida iria surpreender o mundo com um faroeste digno dos áureos tempos do gênero. Tudo bem o projeto é uma refilmagem de Galente e Sanguinário, de 1957, mas a produção é tão fiel a construção desses clássicos que consegue funcionar hoje como poucos filmes de aventura possuem competência.

Ben Wade, um perigoso líder de gangue (Crowe), é capturado e levado por um grupo a uma cidade distante, onde será embarcado em um trem rumo ao seu enforcamento. O trajeto aparetemente simples revela-se cheio de obstáculos e o cerco vai se fechando até o combate final na estação ferroviária.

Apesar da alegoria de ação, a trama revela-se um drama emocionante em que as figuras tão opostas do mocinho e do bandido misturam-se, e cada um encontra em seu oponente admiração. É impossível desgrudar da tela quando os dois astros dividem a cena em um poderoso duelo de personalidades. O resultado é um filme enérgico intercalado com um bangue-bangue de primeira.

Nota: 8,0

Kung Fu Panda


Promovendo há mais de um ano a animação Kung Fu Panda, a Dreamworks atingiu o seu objetivo nas bilheterias. A produção rendeu mais de 200 milhões de dólares somente em território norte-americano e, claro, caiu no gosto da criançada. Isso mesmo, da criançada, porque o público mais velho, que está voltando a assistir desenhos animados após os filmes nada infantis da Pixar, acaba se decepcionando.

O melhor de Kung Fu Panda é a sua inquestionável qualidade técnica. A animação bebe na fonte do desenho mais clássico, não tão aparentemente computadorizado, onde ganha ares modernos quando utiliza “movimentos de câmera” impressionantes, como nas seqüências de luta extremamente rápidas, e ainda assim, fáceis de acompanhar. Por se passar na China, a cultura oriental é explorada do início ao fim, porém, sempre evidenciando o cuidado com os perfeitos detalhes de recriação - um trabalho deslumbrante.

O único pecado do longa-metragem é ser mais direcionado as crianças – o que pode ser comprovado no roteiro previsível que lembra um conto de fadas. Pecado para nós, adultos, apreciadores de cinema e que estamos mal acostumados com os excelentes filmes do estúdio concorrente. De qualquer forma, Kung Fu Panda é divertido, possui poucas, mas ótimas tiradas e se você mantém aquele espírito de criança, não vai se arrepender.

Nota: 6,5

A Família Savage


Indicado ao Oscar de Melhor Roteiro, A Família Savage é bastante original porque aborda um tema até então pouco visto no cinemão de Hollywood. Sendo um drama bem intimista, encabeçado por dois ótimos atores (Laura Linney e Phillip Seymor Hoffman), a produção foge do comum ao relatar de forma bastante real a experiência de dois irmãos com o pai sofrendo de demência.

Quando o velho escreve na parede com o seu próprio cocô, percebe-se que a situação é agravante. Wendy Savage (Linney) fica extremamente culpada por deixá-lo em um asilo e torna-se obcecada em procurar casas de reabilitação cada vez melhores. Enquanto isso, seu irmão Jon (Hoffman) quer livrar-se o mais rápido das obrigações com o pai e seguir sua rotina de trabalho e lazer.

O drama cutuca o público ao mostrar que os pais acabam se tornando um fardo no final de suas vidas. O peso de largá-los em uma clínica ou de vê-los em estados deploráveis são questões trabalhadas no roteiro. A Família Savege é um filme triste, bonito e seus maiores simpatizantes devem ser aqueles que estão passando por situações parecidas.

Nota: 7,4

Efeito Dominó


A história real desse impressionante caso de assalto na década de 70 é o conteúdo perfeito para render um filme de ação acima da média, e é exatamente isso que Efeito Dominó consegue.

O grande roubo é planejado por um grupo de ladrões trambiqueiros que pretende saquear o banco Baker Street, em Londres, no final de semana da troca do sistema de alarme. A grande surpresa da trama aparece quando os policias e a mídia descobrem o assalto e acabam acobertando o golpe porque fotos incriminadoras da família real estavam no cofre e ameaçam vir à tona. O episódio também ficou conhecido como “o caso do walk talk”, algo que somente vendo o filme para entender.

A linguagem acelerada cai como uma luva, entrelaçando as muitas tramas paralelas e nunca deixando o interesse do espectador diminuir. O estilão lembra Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes, só que mais comercial – o que não impede de ser elegante e muito divertido. A produção é um entretenimento adulto, com o típico charme inglês e tensão no ponto. Efeito Dominó é um dos melhores filmes de assalto a banco já feitos.

Nota: 8,0

Batman - O Cavaleiro das Trevas


O Cavaleiro das Trevas é para Batman Begins(2005) o que Batman – O Retorno(1992) é para Batman (1989). A evolução do primeiro para o segundo filme nas duas séries do herói é impressionante.

Tim Burton dá nova cara para as aventuras do personagem com a inclusão de vilões perfeitos, como a Mulher Gato e o Pingüim, e ainda traz um visual fantástico. Christopher Nolan eleva os filmes baseados em histórias em quadrinhos para produções complexas, no nível de Seven, cuja raiz do mal é um serial killer esperto e implacável.

Se não fosse a presença do Homem Morcego, certamente, O Cavaleiro das Trevas estaria na prateleira como um filme policial bastante realista. A tese defendida pelo Coringa é atual e bem elaborada. O roteiro consegue valorizar os vários personagens, tornando-os úteis para esse quebra-cabeça minuciosamente arquitetado.

Falando no grande astro do projeto, Heath Ledger literalmente na pele do Coringa, toma conta da produção e ofusca o protagonista do título. Sua versão insana de um dos maiores vilões das HQs é brilhantemente interpretada e fortificada pela construção de um personagem rico em conteúdo. Como é de conhecimento geral, Ledger faleceu em janeiro desse ano, no auge de sua carreira, sendo considerado um novo mito do cinema. A mobilização dos fãs do filme e do ator pode garantir uma indicação na próxima festa do Oscar. Bem provável, e merecido.

O outro vilão do projeto, Aaron Eckhart como Duas Caras, mostra-se competente na figura trágica do promotor Harvey Dent. A trama envolvendo seu personagem poderia atrapalhar a história, já que o antagonista do Batman nesse filme é o Coringa. Em vez disso, ele acrescenta densidade importantíssima para a narrativa, comprovando que não importa o número linhas de desenvolvimento em uma produção, porque o que vale mesmo é saber trabalhar com todos esses elementos de forma harmoniosa no roteiro.

Uma diferença visível logo na primeira cena de O Cavaleiro das Trevas, é o início “adrenalinesco”, com aventura de entrada seguindo até o término no mesmo ritmo. Não há cuidado em mostrar um prólogo (vide Batman Begins) e nem o que aconteceu com os personagens do primeiro para o segundo filme, já que isso, na verdade, não precisa. Uma escolha pouco comum e muito bem acertada.

Com mais de duas horas e meia, o espectador não sente o peso da extensa duração. É, no mínimo, inusitado perceber que um dos melhores filmes do ano é uma aventura de super herói. O tom realista do projeto esconde esse personagem cartunesco e procura descartar o que Batman Begins tinha de absurdo, deixando em cena somente fatos que sejam realmente possíveis. O único momento em que a trama destoa da realidade é quando Bruce Wayne utiliza celulares com uma tecnologia avançada para poder enxergar imagens de lugares onde não está. O ato incomoda imensamente porque destoa do andamento excepcional visto até ali.

Quanto ao resto, o filme não poderia ser melhor. Christian Bale e o estelar elenco de apoio, como Gary Oldman, Maggie Gyllenhaal, Morgan Freeman e Michael Caine, sentem-se em casa. Em um nível superior, o diretor orquestra com um domínio invejável essa peça fascinante sobre a maldade humana, comprovando definitivamente que o Homem Morcego não é sinônimo de filme de super herói, é muito mais que isso.

Nota: 8,0

O Nevoeiro


Após ser adiado diversas vezes, O Nevoeiro chega ao Brasil no final de agosto – quase um ano depois de seu lançamento oficial nos Estados Unidos. Tido como mais um filme de terror, o longa-metragem deve acabar tomando o mesmo caminho do primeiro Jogos Mortais, que sofreu imenso atraso, teve mínima divulgação, ganhou poucas cópias no país e conseguiu dentro dessas limitações um ótimo público nas salas de cinema.

Talvez O Nevoeiro não seja tão influente para originar uma série de filmes como o terror pornográfico de 2004, mas sem dúvida, é revolucionário no gênero. São filmes como esse que elevam o conceito de entretenimento do medo a verdadeiras obras-primas.

Em uma cidade do interior dos EUA, um grupo de moradores fica ilhado no supermercado quando um forte nevoeiro trás consigo criaturas sanguinárias. Foi justamente essa história de Stephen King que o diretor Frank Darabont, de Um Sonho de Liberdade e À Espera de Um Milagre, decidiu adaptar após seus sucessos anteriores.

O longa-metragem é um brilhante exercício de como contar uma história. Mesmo com a trama de monstros, são trabalhadas questões relevantes como a luta pela sobrevivência e o fanatismo religioso, este último personificado pela ótima atuação de Márcia Gay Harden. Outro mérito do projeto é o clima sufocante de tensão. O Nevoeiro é, como poucos filmes conseguem, de deixar o espectador roendo as unhas do início ao fim.

As criaturas surgem em forma de insetos, aranhas, monstros voadores e outros repletos de tentáculos. Por vezes os efeitos são perfeitos, já em alguns momentos parecem um pouco computadorizados – ainda assim, não é nada que interfira no andamento do filme. Vale lembrar que existe outra produção com nome parecedo: o terrível A Névoa, de 2005. Não confunda!

Os fãs de suspense e terror podem respirar aliviados! Frank Darabont trouxe um filme que mistura essas características de forma crível e inteligente, fazendo juz ao conto do mestre Stephen King. Feito raro no cinema! A ameaça de lidar com o desconhecido não é só sentida pelas pessoas acuadas no supermercado, o espectador do outro lado da tela sente o mesmo desespero daqueles que estão frente a frente com a morte.

Nota: 9

Fim dos Tempos


O indiano que já dominou as bilheterias do mundo inteiro erra a mão em seu mais novo projeto. Se em Dama da Água, M. Night Shyamalan já não tinha se saído tão bem, em Fim dos Tempos o fracasso só não é retumbante devido ao roteiro. No longa de 2006, a história não convenceu o público e os críticos, porém era amenizada com o estilo elegante e a direção segura do cineasta. Dessa vez, inverte-se a situação: os quesitos técnicos deixam muito a desejar enquanto a trama mostra-se interessante.

Para evitar os tradicionais spoilers que sempre vazam quando o nome do diretor está envolvido, vale a pena apenas saber que uma onda de suicídios inicia na costa leste dos Estados Unidos e espalha-se pelo país. A busca pelas explicações seguram o espectador até o último segundo antes dos créditos finais.

O suspense não é tão chocante quanto é sugerido no trailer, mas as seqüências com mortes causam certo impacto. Aliás, as melhores tomadas são reveladas no trailer do filme, estragando muitas das surpresas. A trilha sonora prejudica demais a ambientação dessas cenas e o clima de tensão que poderia ser sufocante não é levado a clímax nenhum. As músicas insossas parecem que desandaram e não provocam sustos ou nervosismo.

Chama muito a atenção a péssima atuação dos atores, especialmente Zoey Deschanel. Apesar de linda, suas expressões soam forçadas, nem um pouco naturais, até mesmo sua cara de medo é apática. O ótimo Mark Walhberg é o único que se salva, e mesmo assim é uma de suas piores interpretações.

A culpa vai toda para o diretor. O argumento original perde força com o aparente cansaço do “dono” do filme. Classificado por Shymalan, como um “filme B assumido”, Fim dos Tempos possui caráter amador, mas é de seu relaxamento. Para curtir ao máximo, pode-se tentar deixar de lado essa lista de fatores e embarcar na idéia do filme. Sem avaliar o potencial da epidemia realmente acontecer, ainda assim dá para se divertir.


Nota: 7,0

Três Vezes Amor


Ryan Reynalds aos poucos mostra-se mais seguro em suas atuações. Em Três Vezes Amor, ele convence como o pai de Abigail Breslin e ainda apresenta o amadurecimento de seu personagem em vários flahsbacks.

O resumo dessa mistura de drama com comédia romântica é apresentado sobre a perspectativa de Will Hayes, um homem de 30 e poucos anos que está se divorciando da esposa e tem uma filha pequena. Ele relata para a menina suas aventuras amorosas e ela tenta descobrir qual das três mulheres que Will se envolveu é a sua mãe.

Entra em cena a loira, a ruiva e a morena: todas são uma delícia. O time é composto por Elizabeth Banks, Isla Ficher e Rachel Weisz. Rapaz de sorte hein! Quanto ao resto, o filme é até interessante, mas estende-se demais. Sem grandes ousadias, é mais uma dramédia que tenta ser simpática. Dá para assistir, mas não entusiasma.

Nota: 5,8

O Banheiro do Papa


A chegada do Papa João Paulo II promete movimentar a pequena cidade de Melo, no Uruguai. As famílias mais necessitadas enxergam nesse evento o potencial de sair da amargura, e assim, gastam suas economias para montar bancas de comidas para os visitantes. Beto é um deles, mas diferencia-se ao construir um banheiro no quintal de sua casa para atender os turistas.

A esperança de melhorar de vida é elemento fundamental dessa co-produção entre Uruguai e Brasil. As cenas gravadas nos pampas de Bagé não tornam o filme um produto nacional, o projeto é estrangeiro, difundindo a cultura daquele povo sofrido vivendo na fronteira entre os dois países.

Mesmo com dificuldades, o cinema uruguaio vem ganhando destaque, principalmente, após o longa-metragem Whisky. Este aqui é um filme modesto e bastante realista, onde a plasticidade da fotografia cinematográfica não é fortemente explorada porque opta-se por imagens cruas de maior significado.

Baseado em um episódio real, O Banheiro do Papa é dirigido por César Charlone e Enrique Fernández, que souberam valorizar a trama com planos cinematográficos simples e belos. Uma história triste sobre um povo esquecido.

Nota: 7,0

A Ilha da Imaginação


Nim´s Island tem lugar garantido para reprisar várias vezes na tradicional Sessão da Tarde. Com classificação livre, o filme é destinado as crianças. A garotinha Nim (Abigail Breslin, de Pequena Miss Sunshine) mora em uma ilha secreta do Pacífico junto com o seu pai Jack, interpretado por Gerard Butler. Em uma de suas viagens de pesquisa, Jack, um biológo de renome, desaparece e deixa Nim sozinha na ilha. Sua única comunicação é com a autora de seus livros favoritos (Jodie Foster), que decide enfrentar seu medo de sair de casa para ajudar a menina na ilha.

Os elementos fantásticos são predominantes no roteiro: Nim se comunica com os animais e a escritora conversa com o personagem dos livros. O clima de fantasia é constante, como por exemplo, a garota escala um vulcão sem equipamento de segurança. Até mesmo os turistas são representados de forma caricata. É importante que o espectador encare o filme sem esperar que tudo seja verdadeiro e possível.

O título nacional, A Ilha da Imaginação, não encontra sentido já que nada é imaginado. Os ótimos atores tentam dar maior credibilidade ao projeto, mas a história é bem infantil e não há nada de extraórdinário. Senti a necessidade de uma mensagem, algum tema interessante a ser desenvolvido no roteiro. A produção é bem escapista, só contém “aventura” e uma trama simplista. O filme é bonitinho, mas não chega a lugar nenhum. O melhor dele é o simpático lagarto.

Nota: 4,5

Wall-E


Os críticos não pouparam elogios para essa nova animação da Pixar em parceria com a Disney. É praticamente garantido o prêmio na devida categoria no Oscar, sendo até mesmo cogitado para concorrer nas demais. Tanta paixão conferida à Wall-E só pode ser explicada porque esse é o “desenho” mais adulto lançado nos últimos anos.

Má notícia para a criançada! Com poucos diálogos, narrativa lenta com tom poético e ainda trazendo uma crítica à sociedade americana, o filme não será tão apreciado pelos baixinhos. A atenção deles será voltada somente no personagem título, onde suas características prometem encantar o público. O caso de amor do personagem é outro fator que desperta o interesse infantil.

Ao contrário do planejado pelos estúdios, Wall-E revela-se um robô mais que atrapalhado, ele é idiota mesmo. As atitudes e o jeito pateta incomodam, não despertando o carisma irresistível pretendido. O personagem ainda repete milhares de vezes seu nome, ao ponto de tornar a palavra insuportável. Essa repetição constante desse e de outros elementos massacram a inteligência do público.

Um fato curioso é que no início da produção os humanos são apresentados com atores reais e quando chega ao meio do projeto, tornam-se animados. Escolha sem explicação! Como é uma animação, poderia ser inteiramente nesse formato ao invés de trocar no decorrer do filme.

Quando ameaça entregar um final ousado e condizente com o roteiro e lógica universal, o filme não vai fundo na idéia e termina com o clássico final feliz. Claro, não estamos assistindo um filme para adultos! Esse é o seu principal problema. A falta de um público alvo torna-o tão abrangente que não é uma experiência completa nem para as crianças nem para os mais velhos. Wall-E renderia mais como um curta ou média-metragem, dessa vez, direcionado para quem saberia apreciá-lo melhor.

Nota: 6,0

Banquete do Amor


Esquecido entre os grandes lançamentos do cinema, Banquete do Amor passou batido entre o público brasileiro. A falta de barulho em torno da produção é justificada pelo fato de que apesar do elenco conhecido, o filme é totalemente dispensável. O moralismo do projeto impede sua receptividade como um drama adulto sobre relacionamentos humanos.

Na colcha de retalhos, temos o amor na terceira idade, o amor adolescente, o amor proibido, o amor homossexual (dessa vez entre mulheres) e aqueles que ainda não encontraram essa plenitude.

O personagem de Morgan Freeman é o símbolo do moralismo, como se fosse a consciência do filme, dando conselhos aos demais personagens e pregando o bom mocismo. A falta de recursos narrativos investe em elementos bobos como uma vidente e questionamentos religiosos.

O único alívio é a presença soberba de Radha Michell. A atriz não aparecia nos cinemas nacionais desde o problemático Terror em Silent Hill e permanece com sua competência e elengância em cena. O restante do filme é composto de situações piegas e cuja sem gracisse fazem os clichês ficarem ainda mais evidentes. Diálogos lamentáveis são pronunciados aos montes, como esse aqui: “Deus não nos odeia. Se ele odiasse, não teria feito nossos corações tão valentes!” Por favor né!

Nota: 4,0