Austrália


Após a obra-prima “Moulin Rouge”, a expectativa em torno do novo projeto de Baz Luhrmann aumentou e muito. O cineasta esteve envolvido na produção que contaria a história de Alexandre, o Grande mas, perdeu a batalha para o roteiro do drama de Oliver Stone. O projeto decorrente foi escrever e dirigir uma homenagem aos épicos do início do cinema, onde teria como pano de fundo o seu país de origem, a Austrália. Bom, infelizmente a tentativa não foi bem sucedida e o diretor saiu mais estropeado do que nunca.

“Austrália” tinha muito a seu favor: ótimos atores (Nicole Kidman e Hugh Jackman), uma equipe técnica de peso e um diretor cujo currículo é uma excelência. Pode-se apontar como o principal culpado deste imenso naufrágio o roteiro desequilibrado, que não se dá ao trabalho de resolver questões pendentes. O acúmulo de tramas tira a atenção do que primeiramente era o mais importante: aristocrata inglesa tem que assumir os negócios do marido que recém faleceu e, para isso, parte para uma fazenda no norte do país dos cangurus. Desde o princípio ela é ajudada por um boiadeiro, que acaba virando seu aliado na disputa por terra e gado na região. Soma-se ainda a presença de uma criança aborígene que conta a história.

O clima inicial de “Austrália” é de total empolgação. A aventura mistura-se com a comédia rasgada, nas quais as atuações são caricaturais e o que acontece na tela é propositalmente puro clichê. O caldo começa a desandar no momento que essa descontração e histerismo típico do diretor passa a ser levada a sério. A produção opta por estender-se demais em conflitos sem grande importância, como a misticismo, a Segunda Guerra Mundial e as crianças da “geração roubada” – temas mal desenvolvidos pelo roteiro.

O resultado pode ser irregular, mas a aposta em “Austrália” foi bastante alta, mais precisamente de 125 milhões de dólares, que não renderam nas bilheterias nem a metade. Para solucionar boa parte das contradições do longa, o ideal seria manter o timing cômico apresentado no início e deixar a cargo de outros atributos, como o deslumbramento gráfico e os toques inconfundíveis de Luhrmann, a contribuição para elevar o conceito do projeto. Talvez chegasse a ser um filme mais superficial, mas provavelmente, seria bem mais divertido.

Nota: 6,0

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