Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal


Só foi eu que percebi? Nas primeiras cenas de ação, Harrison Ford faz um esforço tremendo para convencer como um Indiana Jones sessentão. Bem que ele tenta ser ágil, a edição também procura dar aquela mascarada, mas não adianta, a lentidão predomina. E assim começa essa duvidosa experiência do retorno de um dos heróis icônicos do cinema.

O projeto não tem o melhor dos prólogos. A demora para esclarecer a sinopse principal deixa o público um pouco perdido. É com quase uma hora de duração que se tem uma visão geral sobre o que o filme trata. O lance das caveiras de cristal é bastante interessante, porém acaba saindo fora dos trilhos quando revela ser uma história de (pasmem!) alienígenas.

Bom, se você perdoar isso, continuamos nossa avaliação. Depois das cenas inicias em que Ford sai no braço com os bandidos, o personagem aparece raras vezes em perigo. As demais seqüências exigem pouco esforço físico do herói e o roteiro opta por dar espaço ao provável substituto de Harrison Ford: o atual queridinho da América, Shia LeBouf.

É dele a cena de maior adrenalina de toda aventura: seu personagem luta contra Cate Blanchett em cima de um jipe em movimento. Se por um lado LeBouf não compromete, o personagem de John Hurt é tão irritante que dá vontade que no meio daquela Amazônia surja uma Anaconda gigante para devorá-lo de uma vez!

Homenageando os originais, a belíssima fotografia envelhece a película e dá o clima dos filmes clássicos da década de 80. O que a produção não poupa são os efeitos especiais! A profusão digital é tanta que dificilmente você vai lembrar de alguma seqüência de ação do qual não foi preciso o uso de computação gráfica. Por mais bem feitos que sejam, esses artifícios ressaltam a pirotecnia e quebram o mergulho do espectador na magia do cinema. Algumas vezes são realmente incríveis, já outras são bastante artificiais.

Chegando agora ao grande vilão do filme: o roteiro. Não adianta que a maior falha do longa-metragem é a trama absurda e sem pé nem cabeça. O amontoado de recursos para entreter o público chega ao exagero. São formigas carnívoras, tribos escondidas em lugares secretos, travessias em cachoeiras, areias movediças, bombas atômicas (!), naves espaciais e por aí vai.

Se o filme vale o renascimento do herói? Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal não deixa de ser divertido. Faltou mesmo uma boa história. Da próxima vez também seria bom diminuir na dose de sensacionalismo. Já o crédito à Harrison Ford pode ser considerado garantido, porque quando a inconfundível trilha de John Williams ecoa na sala de exibição não tem como imaginar outro em seu lugar.

Nota: 6,8

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