Estômago


“Estômago” pode até sugerir, mas não é uma comédia romântica sobre culinária e afins. A produção nacional dirigida por Marcos Jorge está mais para um suspense dramático com clima bem pesado.

Raimundo Nonato (João Miguel) é um nordestino que chega na cidade grande sem ter o que comer e onde dormir. Consegue emprego em um boteco fritando pastéis e coxinhas de galinha. O sucesso de suas coxinhas faz o movimento do bar aumentar, e logo ele é chamado para trabalhar como chef de um restaurante italiano. Nessa transição, conhece a prostituta Iria (Fabíula Nascimento) e imediatamente se apaixona.

O desenrolar do roteiro transforma “Estômago” em um filme original, único no cinema brasileiro, permeado por um humor negro chocante e com um resultado que retrata o Brasil sem piedade. Curiosamente, a gastronomia, ao invés de despertar paixões nos personagens, é tratada como sinônimo de poder.

O diretor Marcos Jorge e sua equipe criam um filme requintado e essencialmente brasileiro, valorizado também pelas fortes referências ao cinema de Fellini. Engrossando o caldo, João Miguel cria um personagem tão real que é difícil dissociar o ator de sua representação. Na mesma linha, Fabíula Nascimento rouba todas as cenas em que aparece, transformando sua puta em um ser fascinante.

Assistir ao filme é como degustar um prato caprichado e saboroso, feito com tudo que há de melhor, mas que vai se tornando indigesto depois das primeiras garfadas. Portanto, já aviso, acompanhar a tortuosa saga de Raimundo Nonato não é para quem tem estômago fraco.

Nota: 7,5

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