O Amor Não Tem Regras


Já é a terceira vez que George Clooney comanda a direção de um longa-metragem: Confissões de Uma Mente Perigosa, de 2002, recebeu boas críticas e reservou lugar no ramo alternativo, Boa Noite e Boa Sorte, de 2005, ganhou vários prêmios e teve indicações ao Oscar, e agora, O Amor Não Tem Regras, de 2007, foi completamente esquecido.

O filme não levou praticamente ninguém aos cinemas norte-americanos e nem chamou a atenção da crítica. Para tentar alavancar o filme no Brasil, a distribuidora optou por um título de comédia romântica – o que certamente deixará os espectadores desavisados bem pouco satisfeitos.

Na verdade, é um filme que se passa na década de 20, sobre esporte, mais especificamente futebol americano. O galã Clooney é Dodge Conolly, um veterano treinador que tenta salvar seu fracassado time ao contratar um jogador promissor. Renné Zellweger interpreta a repórter que deve desmascarar o astro profissional e serve como a ponta do triângulo amoroso.

O terceiro projeto de Clooney na direção é um filme sem personalidade, tipicamente comum e com raros atrativos, entre essa minoria pode-se citar o visual retrô e o humor pastelão simpático. O casal protagonista não consegue a química pretendida, fazendo com que o jogo sujo praticado por ambos soe ainda mais prejudicial para a apreciação da obra. Dessa vez, o esquecimento foi merecido.

Nota: 4,8

Mamma Mia


Entre os clássicos musicais da Broadway está Mamma Mia, um novelão recheado de canções do grupo ABBA. Na onda de transpor para o cinema as peças teatrais da famosa avenida de Nova York, chegou a vez desse espetáculo de visual kitsch e números musicias ainda mais brega, e olha que isso não é uma crítica negativa.

Sem comparar as duas versões, vamos nos concentrar apenas no filme. O roteiro apoia-se na história de uma garota que possui três pais! Isso mesmo, a sua mãe não sabe qual deles foi o responsável por sua gravidez. Inseridas no meio desse fiapo de história as músicas contagiantes do ABBA encontram o lugar certo na trama. Aliás, são esses momentos que dão vida ao projeto.

À frente do elenco, a consagrada Meryl Streep esforça-se para encantar o público – o que nem sempre é garantido. O argumento fraco é um acúmulo de clichês e por isso, totalmente previsível. Boa parte das coreografias são exageradas, requisitando um elenco de apoio que surge do nada e não traz novidades. Muitas danças chegam a ser constrangedoras, sem falar no histerismo das personagens femininas, principalmente Julie Walters. Quem não suporta musicais, deve fugir de "Mamma Mia" e assim evitar que pegue ainda mais nojo! Somente os fãs do gênero sem grandes pretensões consiguirão aproveitar alguns momentos dessa desiquilibrada montagem.


Nota: 6,5

Ensaio Sobre a Cegueira


O que muitos consideraram infilmável, o brasileiro Fernando Meirelles foi lá e fez. A adaptação da premiada obra de José Saramago, Ensaio Sobre a Cegueira, é o mais recente projeto do brasileiro mais respeitado atualmente no mundo do cinema.

Depois do “revolucionário” Cidade de Deus, o diretor arriscou-se no exterior com O Jardineiro Fiel e teve seu merecido reconhecimento. Agora, com esse novo longa-metragem, temos mais uma produção excelente fazendo parte de sua filmografia. Para encurtar o caso: uma epidemia de cegueira branca deixa toda uma população a beira do primitismo. Entre os afetados, apenas uma mulher consegue enxergar, Julianne Moore é quem guia os desamparados e conduz o filme.

As imagens esbranquiçadas ajudam o espectador a embarcar no contexto da ausência de visão, enquanto isso, a trama contundente do escritor envolve o público e realiza uma importante análise sobre a convivência em sociedade. Assim, já se pode compreender o sucesso do livro ao assistir a versão cinematográfica. Com Ensaio Sobre a Cegueira, Meirelles promove um espetáculo para os olhos (e para mente).


Nota: 8,0

O Sonho de Cassandra


Realmente existe uma certa semelhança entre O Sonho de Cassandra e Antes Que o Diabo Saiba Que Você Está Morto. Coincidência ou não, os dois abordam como tema central a cobiça e ambição do homem comum, exemplificada através de um crime que procura se justificar no momento em que gera um bem maior. Os dois projetos foram lançados com poucos meses de separação, o primeiro deles foi o filme de Woody Allen.

O veterano diretor retorna à tramas policiais equivalentes a Crimes e Pecados e Match Point. A ironia se faz presente, acampanhada de bons diálogos, tensão contínua e uma evolução que se desenvolve pouco a pouco, sem se apressar para o trágico final. Talvez o defeito do filme seja utilizar um tema tão interessante e não aprofundar o suficiente. A consequência disso foi a realização de um thriller de entretenimento envolvente e curioso. Poderia ser muito mais.

A dupla Ewan McGreggor e Colin Farrel já foi melhor. As escolhas equivocadas dos últimos anos podem ter atrapalhado a auto-estima dos atores, impossibilitando performances semelhantes à de outrora. Farrel, por exemplo, apesar de estar bem em cena repete o mesmo personagem do recente Na Mira do Chefe. Ou o contrário? O personagem de Na Mira do Chefe repete esse aqui? De qualquer maneira, foi preguiça.

Em contrapartida, é inegável a capacidade impressionante de Allen contar, a cada ano, uma nova história fascinante. O periodo de espera por seus filmes é feita com contagem regressiva e o resultado dificilmente revela-se decepcionante. Se O Sonho de Cassandra teve apenas boas críticas foi porque a expectativa que ronda o nome do diretor acaba por produzir uma cobrança muito elevada. Talvez se os críticos assistissem o filme desconhecendo o envolvimento do cineasta teriam aproveitado muito mais.

Nota: 7,9