Crítica: Cinco Anos de Noivado


O jovem casal Vic (Emily Blunt) e Tom (Jason Segel) decide se casar. Ao começar o planejamento da cerimônia, ela recebe uma carta da Universidade de Michigan com a oferta irrecusável de um emprego com validade de dois anos. Para não perder a oportunidade, os dois mudam-se de cidade e optam por adiar o casamento pelo período. Este será o primeiro empecílio do casal. Muitos ainda virão, porque, não por menos, o título dessa história é “Cinco Anos de Noivado”. Acompanhar os altos e baixos desse relacionamento é uma experiência interessante, cansativa e carismática.

O roteiro escrito por Segel e Nicholas Stoller (“Ressaca de Amor”), que também dirige o longa-metragem, é calcado na atual realidade em que ambas figuras do casal possuem individualmente suas carreiras profissionais – o que pode gerar conflitos. Tom, por exemplo, abdicou do cargo de chef de cozinha para morar com a noiva em uma cidade do interior que não tem apresenta um mercado em desenvolvimento para a gastronomia. O filme, ao abordar temas da vida moderna, representa novos impasses que se apresentam frente a instituição do casamento – esta que já não demonstra a mesma importância do passado.

No filme, a cerimônia simboliza o final feliz para os protagonistas. O problema é que esse encerramento parece ficar cada vez mais difícil ao passo que o casal cria lentamente uma distância entre si. Dessa forma, a comédia romântica insere uma pitada amarga quanto o desgate dos relacionamentos, promovendo perguntas como “Por que adiamos as coisas? Nunca estamos satisfeitos? Estamos sempre esperando um melhor momento?”.

Enquanto tentam resolver seus problemas antes de casar, Tom e Vic acabam esticando a duração do longa-metragem, deixando-o massante para o público. Inevitavelmente, a trama extensa de mais de duas horas torna-se cansativa – o que salva é o carisma absurdo de Emily Blunt, que ilumina cada uma de suas cenas. Um bom corte na edição resolveria esse problema. Fora isso, Cinco anos de noivado encerra em alta e consegue fazer uma análise válida sobre as relações humanas. Só é preciso ter um pouco de paciência.

Nota: 6,5

Crítica: Ruby Sparks - A Namorada Ideal


Quem nunca imaginou como seria o seu par perfeito? Um homem ou uma mulher de seus sonhos? Em “Ruby Sparks – A Namorada Ideal”, o jovem escritor Calvin Weir-Fields (Paul Duno) cria para o seu próximo livro uma personagem feminina tão encantadora que acaba se apaixonando pela garota da ficção. Como uma travessura do destino, a musa das páginas se materializa, saindo de sua mente, para a vida real. A partir dessa premissa, o filme explora a idealização do ser amado, brincando com os conceitos de perfeição e destino.

Dirigido por Jonathan Dayton e Valerie Faris, do sucesso “Pequena Miss Sunshine”, o longa-metragem possui uma aura indie e realista – apesar de ser um conto de elementos fantásticos. A história não se exime da possibilidade de Calvin interferir nas ações de Ruby (Zoe Kazan), sua criação. Em cada momento que o protagonista encontra-se insatisfeito com os rumos de seu romance, ele escreve as atitudes que espera da namorada, moldando-a à sua vontade. Aos poucos, calvin vai aprender que vale mais a pena deixar a vida ter seu rumo próprio.

Na pele do casal principal, Paul Duno e Zoe Kazan demonstram a química necessária ao projeto. Tarefa extremamente fácil já que os dois são namorados fora das telas. Enquanto Duno conquistou seu espaço em produções como “Sangue Negro”, Kazan tem no currículo pequenas participações em dramas e comédias, mas ainda é desconhecida do grande público. Neta do consagrado cineasta Elia Kazan, a jovem prodígio também assina o roteiro de “Ruby Sparks” e, por seu talento frente às câmeras e na produção, tem tudo para despontar na indústria cinematográfica.

“A Namorada Ideal” é uma combinação do romantismo de “500 dias Com Ela” com o realismo fantástico de “Mais Estranho Que a Ficção”. Uma fórmula relativamente original (longe de muitos clichês do gênero) que não poderia dar errado. Esta comédia romântica terna e inteligente mostra o quanto o amor pode ser mágico e, que apesar da realidade não ser aquela que esperamos, a perfeição encontra-se justamente na imperfeição.

Nota: 7,7

Crítica: Ted


Um urso boca-suja desbancou concorrentes de peso e garantiu vaga no ranking das maiores bilheterias do ano. “Ted” é o sucesso surpresa de 2012, com mais de 470 milhões de dólares arrecadados pelo mundo, tornando-se a comédia número 1 entre aquelas com classificação R (proibida para menores de 18 anos). O segredo do filme está nos diálogos espertos preenchidos por um humor sarcástico e infame, na maior parte das vezes proferido por um fofo bichinho de pelúcia.

Na produção da Universal Pictures, Mark Wahlberg interpreta John, um adulto infantilizado, que ainda não encontrou seu lugar no mundo. Quando criança, ele ganhou um urso de presente e pediu a uma estrela cadente que Ted fosse seu amigo. A partir disso, o brinquedo ganha vida e transforma-se em celebridade. Trinta anos depois, John trabalha como balconista em uma loja de aluguel de carros e Ted, sem a fama do passado, virou um vagabundo profissional. O impasse surge no momento em que Lori (Mila Kunis), a namorada de John, pede que o urso saia de casa para ter sua independência.

A comédia marca a estreia de Seth MacFarlane no cinema, o criador da série televisiva “Family guy”. O diretor e roteirista, que costuma atacar a moral e o conservadorismo americano, recebeu críticas fervorosas por incentivar as drogas e a vida fácil, sem estudo ou emprego, como foi o caso polêmico do deputado Protógenes Queiroz que se pronunciou revoltado no Twitter. O feito só incentivou a repercussão do filme e o aumento de sua arrecadação no Brasil.

Tanto alvoroço se justifica porque Ted é um urso que aparece cercado de prostitutas, fumando maconha, bebendo cerveja, falando inúmeros palavrões, dirigindo carro usando celular, apalpando seios de uma mulher e simulando sexo com um picolé e uma máquina registradora, além de disparar comentários preconceituosos. Curiosamente, esse conjunto de piadas ácidas funciona tão bem que as gargalhadas são involuntárias. E afeição com uma critura adorável e grotesca torna-se imediata.

“Ted” é um filme ousado, que segue à risca a cartilha das piadas policamente incorretas e aproveita-se de referências da cultura pop (Susan Boyle, Flash Gordon, Superman, Katy Perry e outros) para tirar muito sarro. A história de amizade com doses de humor negro e pastelão virou sensação nos cinemas e sua continuação está aprovada. Extremamente engraçado, o filme pode ser considerado, junto a “American Pie - O reencontro”, uma das melhores comédias do ano.

Nota: 8,1