C.R.A.Z.Y. - Loucos de Amor


As ótimas críticas não garantiram o sucesso desse filme canadense, falado em francês, fora do país de origem. C.R.A.Z.Y. – Loucos de Amor é um drama sobre uma família de cinco filhos, cujas iniciais formam a palavra do título. Os pais procuram educar os garotos da melhor forma, porém, o protagonista Zac não é o verdadeiro orgulho de um pai na década de 80. Desde pequeno, o rapaz possui tendências homossexuais e essa indefinição ele carrega até o final do filme.

C.R.A.Z.Y é um longa-metragem sobre o amor de pai e filho, e além de tudo é uma lição de vida, que pode ser refletida em outros âmbitos. Sem o preconceito, é fácil acompanhar a trajetória de Zac e se encantar com as fortes emoções do projeto. A carga dramática poderosa ganha maior impacto com a trilha sonora, que é um destaque à parte. O recurso é utilizado frequentemente e torna-se um elemento de real importância para a narrativa. As canções principais, Space Oditty do Bowie e Crazy de Patty Cline, encaixam de forma perfeita nas cenas.

O diretor Jean-Marc Vallée realiza um trabalho excepcional, dando dinamismo nas horas necessárias e dramaticidade nos momentos certos. Efeitos acelerados e de slow-motion aproveitam para criar sequencias de uma plasticidade incrível. Um verdadeiro trabalho de arte.

Nota: 8,2

Os Donos da Noite


Candidato a Palma de Ouro no Festival de Cannes do ano passado, Os Donos da Noite recebeu boas críticas no continente europeu mas fracassou nos Estados Unidos. O longa-metragem não deixa de ser um “pequeno” filme de gangster. A ambientação na década de 80 dá um clima noir, principalmente na perseguição de carros a baixo de chuva, mais próximo ao final.

Joaquim Phoenix é Bobby Green, gerente de uma famosa boate, que tenta manter oculto o fato de ter diversos policiais em sua família. Atraída pela venda de drogas, a polícia invade o local e prende os criminosos. Essa intervenção pode levar Bobby à desgraça.

O roteiro interessante não consegue fugir dos clichês e de cenas que parecem artificiais. Faltou dedicação de (quase) toda equipe. Até mesmo atores bem conceituados ficam aquém do esperado, como Mark Walhberg e Robert Duvall. Joaquim Phoenix se esforça – mas não o bastante. Eva Mendes também não aproveita seu personagem, porém, em contrapartida, aparece mais linda do que nunca.

O resultado é irregular, originando bons momentos e outros não tanto. As cenas de ação não chegam a empolgar e uma frieza na direção deixa o espectador distante. O filme tinha potencial para ser um filho de luxo de O Gangster (já que possui uma temática parecida). Passou longe.

Nota: 6,5

Invasores


Reimaginação do clássico da ficção científica Os Invasores de Corpos, essa recente produção coloca a trama um pouco ultrapassada do livro de 1955 em um contexto moderno, com direito à perseguições de carro, helicópteros, computadores e o uso freqüente do celular. Hoje, seria ridículo filmar o projeto com a história dos humanos transformados em vagens, como acontece no original.

Apesar de não ter um motivo relevante para essa quarta adaptação da obra de Jack Finney, Invasores não é um fracasso. A presença de Nicole Kidman toma conta da tela e como boa atriz que é, não decepciona. Ao contrário de Daniel Craig, que aparece sem a menor vitalidade, assim como sua presença sem sal em A Bússola de Ouro.

A essência ainda permanece a mesma e a invasão alienígena consegue gerar certa tensão. O conceito dos seres humanos ficarem sem expressão é utilizado de forma adequada pelo roteiro e deixa a trama esclarecida sem cansar o espectador. Porém, a edição não funciona bem quando em certos momentos antecipa os fatos. O mesmo ocorre quando surgem imagens computadorizadas do DNA sendo alterado dentro do organismo do infectado. Completamente desnecessário.

Invasores pode soar meio bobo ao final da sessão, mas ainda assim, é um bom filme.


Nota: 7

Um Verão Para Toda Vida


Os garotos inocentes de Um Verão Para Toda a Vida (tradução nacional ordinária) dão o tom desse filme que contem a primeira atuação de Daniel Radcliffe fora da série Harry Potter. A melancolia da produção deixou a narrativa lenta e privilegiou a belíssima fotografia, com cores vibrantes, onde cada take é uma foto artística.

Enquanto Daniel mostra-se livre da cicatriz na testa a qual o bruxo apresentava, o ator não empolga com uma interpretação no automático e de pouca força. O pequeno Misty, na tela vivido por Lee Cormie, sai-se melhor e domina o filme.

Adaptação do romance de Michael Noonan, o longa-metragem conta a história de três órfãos com poucas esperanças de serem adotados. Quando chega o mês de seu aniversário, – todos fazem no mês de dezembro, por isso o título original de December Boys – os garotos ganham de presente uma viagem para o litoral.

A imaginação do narrador, que mistura o real com o imaginário, dá uma sofisticação bem-vinda para a construção do projeto, algo semelhante à Peixe Grande. Apesar de ser simpático em alguns momentos e com uma fotografia de encher os olhos, não consegue fugir da trama clichê e sem ousadia, caindo na monotonia. Bonzinho.

Nota: 6,5

Cloverfield - Monstro


JJ Abrams conseguiu o que queria. O produtor do mega sucesso Lost e dessa empreitada aqui, criou um filme de monstro digno para o cinema norte-americano. Então, esqueça Godzilla e O Hospedeiro e embarque no movimentado Cloverfield.

A escolha por um estilo Bruxa de Blair possibilitou descartar cenas monótonas explicativas sobre como surgiu a criatura. O filme é apresentado como um registro de uma câmera caseira quando Nova York sofre o ataque do tal monstro. Na fita encontrada pelo governo, conhecemos os personagens em uma festa de despedida até começar a correria e salve-se quem puder.

Apesar do caráter artesanal, a produção contêm um trabalho rico de efeitos visuais. A criatura é ameaçadora e invencível, tornando os seres humanos impotentes. Explosões, mortes e até mesmo a destruição da Estátua da Liberdade são de uma realidade impressionante.

Aliás, a palavra que define o filme é realidade. O vídeo que assistimos na tela parece verdadeiramente real. Os atores desconhecidos facilitam essa identificação e todo o momento a tensão é presente, sufocando o espectador. É como se o espectador se transportasse para o palco da ação.

O que pode incomodar o público é a tremedeira da câmera. Nada que possa causar uma tontura. Para que o filme funcionasse era necessário mostrar o desespero, até porque qualquer um que esteja lutando por sua vida não ficaria fugindo olhando no visor de uma câmera.

Cloverfield abriu o ano com uma das melhores bilheterias. O baixo orçamento de 25 milhões de dólares foi superado com quase o dobro no primeiro final de semana em exibição. Para quem curte filme de monstro é impossível deixar de se envolver com o projeto. Muito sangue, tensão ao extremo, uma criatura cool e um roteiro esperto. O que mais poderia se esperar de um filme de monstro? Cloverfield já um dos melhores.


Nota: 8,4

Oscar 2008


Uma cerimônia relativamente previsível foi a entrega dos prêmios da Academia nesse domingo, dia 24 de fevereiro de 2008. Com a greve dos roteiristas solucionada a tempo, a maior festa do cinema ocorreu com a mesma poupa de sempre. E, como de costume (mais precisamente de alguns anos pra cá), a cerimônia não perdeu tempo com enrolações. O anúncio dos vencedores foi dinâmico e os vídeos de algumas premiações anteriores celebraram os anos de história do evento.

Nada menos que esperado, Onde Os Fracos Não Tem Vez levou os principais prêmios da noite. Incluindo, Melhor Filme, Diretor(es), Ator Coadjuvante e Roteiro Adaptado. Sangue Negro ameaçou mas não teve força suficiente para intimidar o filme dos irmãos Coen. Pelo menos, levou para casa o Oscar de Melhor Ator e Fotografia.

O momento mais emocionante, sem dúvida, foi quando Marion Cotillard subiu ao palco do Kodac Theater. Mais do que merecido, a atriz que incorporou o espírito de Edith Piaf na tela não podia ser esquecida pela Academia. Porém, a dúvida para quem ia o prêmio surgiu com a indicação de Julie Christie. O seu papel tendia a agradar mais os votantes. Felizmente, o desempenho imbatível da francesa foi honrado.

Conduta de Risco entrou como o azarão, conseguiu surpreender com a entrega do “homem dourado” para Tilda Swinton, ótima atriz de longas menos populares. A animação Ratatouille comprovou seu sucesso de critica ao vencer o francês Persépolis. Juno teve seu roteiro premiado como o esperado e Sweeney Todd só garantiu uma categoria em Direção de Arte. A única que concorria como favorito.

Piaf – Um Hino ao Amor ainda levou Maquiagem e Elizabeth – A Era de Ouro apareceu impressionando com seu Oscar de Melhor Figurino. A canção favorita de Once foi agraciada. A esperada vitória de Transformers nos quesitos técnicos como Som e Efeitos Visuais não aconteceu e O Ultimato Borne venceu nas três modalidades que concorria: Montagem, Edição de Som e Mixagem. A Bússola de Ouro levou Efeitos Visuais.

O drama que venceu o Globo de Ouro, Desejo e Reparação, figurou apenas como Melhor Trilha Sonora.

No total, foi uma premiação sem polêmica e mais justa que as de alguns anos atrás. A quantidade de produções acima da média fizeram com que qualquer escolhido dentro das categorias fosse uma boa escolha. Ainda assim, aqueles que disparavam como os favoritos venceram e poucas surpresas surgiram. Até o ano que vem!

Meu Nome Não É Johnny


O ano começou com um filmaço nacional. Meu Nome Não é Johnny já é um dos melhores longas-metragens de 2008! A história real do playboy traficante do Rio de Janeiro é contada de forma humana sem lições de moral. A direção moderna de Mauro Lima soube desenvolver os personagens, principalmente a figura do título, e dando a agilidade necessária para trama. Assim, o público sente-se cativando pela trajetória de João Guilherme.

Selton Mello apresenta seu terceiro personagem do cinema que reflete a impressionante capacidade de variar trabalhos. As duas anteriores foram conferidas em Lisbela e o Prisioneiro e O Cheiro do Ralo. Nesse novo filme, Mello incorpora intensamente a figura do jovem de classe média que encontra o conforto das drogas e nos faz esquecer a existência de um ator por trás das falas. Até mesmo Cleo Pires, sem ser uma excelente atriz, convence no papel da namorada do malandro.

Um trabalho de tirar ao chapéu para toda equipe envolvida: roteiro, edição, fotografia, direção, atores, etc. A produção não deve nada aos filmes de grande orçamento produzidos em Hollywood. Meu Nome Não é Johnny comprova que o cinema nacional está cada vez mais a frente, e pode sim disputar lugar com os “grandões”. O longa iniciou sua carreira nos cinemas muito bem ao atrair um número grande de espectadores. Vida longa e sucesso para o cinema daqui, a satisfação é nossa!

Nota: 8,5

Eu Sou a Lenda


A terceira adaptação do clássico da ficção científica, Eu Sou a Lenda, chegou aos cinemas fazendo o maior barulho e recheado os bolsos dos produtores. Mais um estrondoso sucesso de Will Smith, que se fixa como o rei dos blockbusters. Toda a sensação em torno do filme é justificada com a presença do carismático ator. Na seqüência de A Procura da Felicidade, Smith entrega sua segunda melhor atuação.

Caso tivessem escolhido outro ator para encabeçar a produção, provavelmente o longa-metragem não conseguiria tanto destaque. Se fosse alguém como Christian Slater, um bom ator porém não tão conhecido do grande público, o julgamento do projeto seria outro. Will Smith é a força do filme e é ele que garante todo o interesse do público na trama, junto, é claro, com a cadela Samantha.

Até os 25 minutos iniciais não há o que reclamar. A visão de uma Nova York apocalíptica é fantástica e os métodos utilizados pelo “último homem na Terra” são inteligentes e justificáveis. Sem falar na maneira que explicam a transformação do planeta naquele estado: uma das mais plausíveis do cinema. EH a partir daí, que o conjunto começa a desmoronar. Surgem os monstros.

Em tempos que a tecnologia é tão avançada e dá vida a inúmeras criaturas que parecem realmente existir, os seres de Eu Sou a Lenda não funcionam dentro do filme. Os zumbis/vampiros são mal feitos, totalmente computadorizados e falsos. Chegam a ser semelhantes aos monstros de A Múmia, longa de 1999. Ou seja, parece que de lá pra cá, em 9 anos, os efeitos visuais da indústria cinematográfica não evoluíram. Olha que o orçamento da produção foram astronômicos 150 milhões de dólares.

Outra barbada de se notar, é a semelhança com o filme Extermínio (2002), de Danny Boyle. Logo no início, a superprodução procura imitar a seqüência incrível do longa-metragem inglês que mostrava uma Londres deserta, devastada pelo vírus. Além dessa analogia ou cópia, é fácil identificar muitas outras.

Eu Sou a Lenda resulta em um projeto que deixa a desejar, uma tentativa frustrada de realizar uma produção superior a Extermínio. Possui vários pontos positivos e muitos negativos. A balança ficou mais para o lado positivo, só que tinha potencial para ser avanço no gênero. Até agora não entendo como criaram vilões tão podres e diálogos imbecis sobre Bob Marley. O final com referencias a Deus, apesar de bobo é aceitável. Para finalizar, aqui vai outra mancada: poderiam ter dado um final contrário ao personagem de Smith, já que sua atitude era desnecessária.


Nota: 6


Obs: A presença da brasileira Alice Braga gera uma quebra de tensão no projeto. Seu personagem não chega a ser um problema, mas enfraquece o terceiro ato. A atriz surpreende por estar A vontade com a língua inglesa, porém não apresenta as expressões de angústia necessárias para a personagem.

Para quem acha que o texto massacrou o filme, aqui vão alguns motivos para assistir Eu Sou a Lenda:

1)Will Smith

2) Cadela Sam

3) Para os fãs de ficcao cientifica

3) Nova York apocalíptica

4) Seqüência de Smith procurando a cadela no escuro

5) Produção tensa e envolvente

O Gângster


Ridley Scott entrega um filme de máfia para ninguém botar defeito – nem mesmo o expert no assunto, Martin Scorsese. A história real da caçada do policial bonzinho ao maior traficante de drogas dos anos 70, nos Estados Unidos, é contada com o ritmo ideal, balanceando a vida dos dois protagonistas até o tão esperado encontro no final do filme. É preciso muita habilidade para produzir um longa-metragem com 157 minutos de duração e não torná-lo cansativo em nenhum momento. A principal façanha de O Gângster é manter o espectador envolvido com uma trama típica dos filmes da década em que se passa o projeto.

Denzel Washington respira o personagem e cria um mafioso forte suficiente para competir com outros ícones do ramo. Russel Crowe é cauteloso e transforma seu homem da lei honesto em alguém humano, capaz de ser incorruptível no trabalho e negligente com a família. Porém, o mérito vai para o diretor, que realiza um drama elegante equilibrado na medida certa com doses de ação.


Nota: 8

Piaf - Um Hino ao Amor


Um dos maiores ícones da música francesa, Edith Piaf, é homenagiada no longa-metragem Piaf – Um Hino ao Amor. Essa superprodução realiza um panorama pelas inúmeras fases da vida sofrida e repleta de antagonismos da cantora. Abrilhantando o projeto, o desempenho impressionante de Marion Cotillard no papel-título torna a obra ainda mais completa. Não foi por menos que a atriz venceu o Globo de Ouro 2008 como Melhor Atriz – Comédia ou Musical.

Como se ainda não faltasse atrativos para assisti-lo, o filme é embalado com canções fantásticas, selecionadas a dedo entre aquelas que se tornaram clássicos na voz da pequena Piaf. Recomendado ao extremo, a produção é cinema de primeira. Para comprovar, basta conferir e tentar não se emocionar quando, próximo ao final, Edith declama os versos de “Non, Je Ne Regrette Rien”.


Nota: 9

O Suspeito


O diretor Gavin Hood, do premiado Infância Roubada, apresenta um thriller político eficiente e com ótimo elenco. O longa-metragem é sobre o desaparecimento do egípcio Anwar El-Ibrahimi, que por ser suspeito de vender informações a terroristas acaba sendo torturado pelos americanos. Após o 11 de setembro, os Estados Unidos vêm enfrentando uma neura com os possíveis atentados e esse procedimento voltou a ativa no dia seguinte a queda das torres gêmeas. Entra em cena, o agente Douglas da CIA, interpretado por Jake Gyllenhaal, com a missão de descobrir se El-Ibrahimi é culpado e a esposa do desaparecido, na tela personificada por Reese Wintherspoon. Ainda em cena, Meryl Streep como a chefona do Serviço Secreto e Alan Arkin no papel de um senador influente.

Com uma teia de personagens, O Suspeito consegue manter as várias linhas narrativas sem derrapar uma só vez. A montagem do projeto é perfeita e reserva as surpresas para os momentos certos. As atuações do time de estrelas não deixam a desejar.

Baseado em fatos reais, a trama interessante alerta para as atrocidades do governo norte-americano, enquanto o roteiro bem escrito apresenta bons diálogos e situações pertitentes para debates, possibilitando assistir o filme como puro (e bom) entretenimento ou como um painel da realidade. A produção consegue um resultado muito melhor que o também recente e politizado
L
eões e Cordeiros. A explicação para o pouco barulho que gerou nos Estados Unidos só pode ser por tocar o dedo na ferida.

Nota: 8

30 Dias de Noite


Durante o inverno, a cidade de Barrow, no Alaska, fica sem ver a luz do sol por exatos 30 dias. Esse acontecimento desperta o interesse de um grupo de vampiros, que decide visitar o local para realizar um banho de sangue.

Baseado nas histórias em quadrinhos, 30 Dias de Noite possui uma premissa original para um filme de terror. O que faltou foi aproveitar a sinopse inicial para realizar um passatempo satisfatório para os fãs do gênero. O longa-metragem não é assustador e envolvente. O casal protagonista Josh Harnett e Melissa George não conseguem o carisma do público. A escassez de personagens interessantes faz que o espectador fique ansioso para os ataques dos sanguessugas.

O resultado regular refere-se principalmente pela edição lenta. Com um maior número de cortes e indução à violência, poderia tornar a sessão mais eletrizante. Algumas seqüências merecem destaque, como aquela em que câmera percorre, de cima, as ruas tomadas por vampiros atacando suas vítimas. Outra cena impactante é uma logo no início quando um dos monstros pula em cima do carro. A terceira seqüência é a da degolação no balanço infantil. São essas partes que salvam a produção e quase fazem juz a carnificina anunciada.

Nota: 6

Reine Sobre Mim


O diretor Mike Binder, de A Outra Face da Raiva, utiliza os acontecimentos do fatídico 11 de setembro para contar uma história sobre a dor da perda e a importância da amizade. Em Reine Sobre Mim, Adam Sandler é Charlie Fineman, um homem solitário que vive imerso na angústia após perder a esposa e as três filhas no atentado terrorista. Anos mais tarde, ele reencontra seu antigo colega de quarto dos tempos da faculdade, o dentista Alan Johnson (Don Cheadle). Juntos, os dois vão resgatar bons momentos da vida e fortalecer a amizade, ajudando também Fineman a conviver melhor com a presença diária daquela tragédia.

A produção desenvolve a história com cuidado e sem pressa, de um jeito leve ao trabalhar com um assunto bastante delicado. A boa trilha sonora com Bruce Springsteen, The Who e Pearl Jam dá mais emoção para as cenas. Para completar as atuações competentes dos protagonistas tornam Reine Sobre Mim um prato cheio para os apreciadores do gênero drama, para aqueles mais sensíveis e que choram fácil. Mas, ainda assim, é difícil encontrar algum espectador que não será cativado pelo filme.

Nota: 7,8

Senhores do Crime


David Cronenberg supera a violência e o realismo de Marcas da Violência com o ótimo Senhores do Crime. Ao entrar no submundo da máfia russa em Londres, o diretor aposta em uma atmosfera sombria, um bom roteiro e seqüências ainda mais surpreendentes. Certamente, a mais ousada é aquela em que o protagonista luta peladão contra dois matadores. Tudo muito seco e brutal. Grande parte do sucesso do filme é a atuação brilhante de Viggo Mortensen como o motorista Nicolai, que aos poucos vai crescendo na organização. Não é por menos que é um dos favoritos ao prêmio de Melhor Ator no Oscar. A produção não deixa de ser um filme-irmão do longa anterior de Cronenberg. Ainda no elenco Naomi Watts e Vincent Cassel. Pacote perfeito para os fãs de ação e filmes de máfia.

Nota: 9

4 Meses, 3 Semanas e 2 dias

É com quase 5 meses de gravidez que uma das protagonistas desse longa-metragem decide fazer um aborto. Durante o regime comunista na década de 80, na Romênia, tudo era escasso e o mercado negro era alimentado por aqueles que não conseguiam se acostumar com a nova situação. Além do risco da operação ilegal, a universitária grávida e sua colega acabam nas mãos de um homem, que no momento de fazer o procedimento, torna a situação ainda mais sufocante. Um registro nervoso e artístico sobre o aborto clandestino. A atuação de Anamaria Marinca como a amiga Otília merece destaque, assim como a direção estática e realista de Cristian Mungiu. Vencedor da Palma de Ouro em Cannes.

Nota: 7

Uma Garota Irresistível


Na década de 60, quando Andy Warhol estava no auge , a concepção artística levou um choque com o que viria a ser a pop art. O cara que é considerado o pai desse estilo transformou seu apartamento em um estúdio: “A Fábrica”, como ficou conhecido. Era lá que Warhol produzia seus quadros, esculturas e filmes. Foi nessa época que ele descobriu a garota irresistível do titulo. Edie Sedgwick se tornou sua musa do dia para a noite, atuando como a estrela de seus filmes.

Esse longa-metragem de 2006, chegou diretamente em dvd no Brasil e conta a trajetória da “pobre menina rica” que se perde com a fama, as drogas e o sexo. Uma história real que não teve final feliz. Apesar de explorar pouco o contexto da época e a figura controversa de Andy, o filme compensa com o bom desempenho da belíssima Sienna Miller e do talentoso Guy Pearce. Indicado para o público alternativo que procura conhecer o retrato cinematográfico de Edie e Andy. Apesar do caráter de vanguarda, a produção possui formato para o grande público.

Nota: 8