Os Melhores Filmes de 2008

Estão aqui os 15 melhores filmes lançados no ano passado. Vale esclarecer alguns pontos: a lista está em ordem alfabética e só contém produções cujo lançamento oficial foi em 2008, ou seja, filmes de 2007 que chegaram ao Brasil em 2008 estão de fora. Justamente por isso que excelentes produções como "O Nevoeiro", "Senhores do Crime", "Desejo e Reparação" e "Sweeney Todd" não se encontram na lista. Agora, é só conferir a seleção! Concordar, discordar ou anotar os que ainda faltam assistir! Com vocês, as dicas do que teve de melhor no último ano!

AINDA ORANGOTANGOS







O longa de Gustavo Spolidoro destaca-se perante “Meu Nome Não É Johnny” e “Linha de Passe” - os nacionais mais consagrados do ano - pela filmagem frenética em um único e deslumbrante plano sequência. Atinge o auge pela linguagem experimental em histórias cruzadas que discutem o primitismo beirando a bizarrice.

BATMAN - O CAVALEIRO DAS TREVAS







O avanço de "Batman Begins" para "O Cavaleiro das Trevas" é impressionante. Cristhoper Nolan cria um filme de suspense dentro de uma trama de super-herói. O dono do filme, o Coringa, deita e rola na telona. Heath Ledger está fantástico e sua tese sobre a maldade conduz até o desfecho emocionante.

CLOVERFIELD - MONSTRO







Hollywood finalmente percebeu que em filme de terror/suspense o importante é gerar tensão. Vale mais deixar o monstro no imaginário do espectador do que entregá-lo de mão beijada, sem impacto algum. "Cloverfield" tem tudo que um filme desses pede: sangue, nervosismo, uma criatura cool e um roteiro esperto.

DÚVIDA







Muito mais que um filme sobre pedofilia, “Dúvida” levanta questões referentes ao posicionamento da igreja moderna e ainda faz uma análise sobre como surgem os boatos e as intrigas. A bela fotografia e a majestosa direção com planos por vezes audaciosos contribuem para a elegância visual – nada mais justo para um texto vencedor do prêmio Pulitzer.

ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA







Fernando Meirelles reproduziu na tela o que muitos consideravam infilmável. O resultado visual, cuja edição, textura, e trilha sonora são impressionantes, soube traduzir a importante análise de Saramago sobre a convivência em sociedade. Com "Ensaio Sobre a Cegueira", o diretor promove um espetáculo para os olhos (e para mente).

FOI APENAS UM SONHO







Sam Mendes retoma a questão familiar que trabalhou de forma sublime em “Beleza Americana” através do casal Frank e April em “Foi Apenas Um Sonho”. A dupla deseja largar sua vida de subúrbio e tentar a sorte em Paris. Atores, direção e tema contundente brilham em um drama íntimo e bem realizado.

FROST/NIXON







Ron Howard foge do padrão de que filme político tem que ser incompreensível e tedioso, e sendo assim, origina um conjunto harmônico de dados históricos e entretenimento. A construção dos fatos é de fácil entendimento e rende muito mais do que a primeira vista aparenta.

MILK - A VOZ DA IGUALDADE







Cinebiografia do primeiro político assumidamente homossexual na história dos Estados Unidos. Sean Penn assume a figura icônica do personagem com verve, enquanto o diretor Gus Van Saint ganha novo gás em sua filmografia com uma produção caprichada e de roteiro no ponto.

O CASAMENTO DE RACHEL







O hábil diretor Jonathan Demme e sua brilhante roteirista, Jenny Lumet, conduzem este drama sem nunca cair no lugar comum. O ambiente acolhedor gera a empatia do público com os persongens e seus problemas. As atuações de Anne Hathway e Rosemarie DeWitt faíscam na tela. “O Casamento de Rachel” é, sobretudo, verdadeiro.

O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON







A trajetória de um bebê com a aparência de um idoso que vai rejuvenecendo com o passar dos anos é muito bem desenvolvida e não deixa furos. O filme levanta questionamentos referentes a morte, o amor e o tempo, além de apresentar um talentoso diretor completamente apaixonado pela história.

O LUTADOR







A mistura de realidade e ficção transforma “O Lutador” em um filme comovente, no qual o competente diretor Darren Aronofsky promove a ressureição de um astro. 2009 foi o ano de Mickey Rouke.

QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO?







O grande vencedor do Oscar é a obra mais comercial da carreira do diretor Danny Boyle (“Trainspotting”, “Exterminio”). Esta fábula moderna indiana conquista ao misturar açúcar com violência de forma tensa e emocionante.

ROCK´N´ROLLA - A GRANDE ROUBADA







A construção de Guy Ritchie permanece a mesma: edição rápida, violência exarcebada e humor mordaz. O cineasta bebeu de várias fontes para construir seu próprio estilo. “Rock´n´Rolla” é um filme para ninguém colocar defeito, um dos melhores exemplares de ação e, consequentemente, o amadurecimento de um diretor. Que venha a continuação!

TROVÃO TROPICAL







Misturando ação com comédia, “Trovão Tropical” resulta em um filme bacana, que brinca com Hollywood e seus estrelismos, mas que além de tudo, faz o público rolar de rir. Até mesmo a história meio furada funciona na tela. E, para variar, o show é de Robert Downey Jr!

VICKY CRISTINA BARCELONA







Como a maioria das obras que integram a filmografia de Woody Allen, “Vicky Cristina Barcelona” aborda temas simples de forma encantadora, valorizando o texto nas tradicionais sutilezas. O filme é um total deleite: personagens boêmios, muita tensão sexual, belos diálogos, cenas verdadeiramente engraçadas e tomadas de uma Barcelona deslumbrante.

Amigos, Amigos, Mulheres à Parte


Depois do completo non sense de “Maldita Sorte” e “Zohan” não dá para se esperar mais nada de uma comédia. Esta em particular não é tão bizarra, mas parte de uma ideia nada normal. Tank (Dane Cook) é contratado por ex-namorados para levar as garotas perdidas em encontros terríveis. Traumatizadas, elas voltam para seus companheiros.

A bobagem finalmente atinge o ponto quando Tank é contratado para recuperar (ou assustar) a garota de seu melhor amigo (Jason Biggs). O problema é que o cretino se apaixona por ela. A história inusitada até diverte, levanta algumas risadas, porém a sensação que fica é de assistir um filme completamente vazio. Nem mesmo os atores se esforçam. É triste.

Nota: 6,0

Passageiros


Quando a história já é batida não dá para abusar da paciência do espectador. “Passageiros” sabe disso e condensa sua existência em 90 minutos. Sábia escolha! A jovem psiquiatra Claire (Anne Hathway) é encarrecada de clinicar cinco sobreviventes de um grave acidente aéreo. O mais enigmático do grupo, Erik (Patrick Wilson), vai levá-la a descobrir a verdade por trás da misteriosa queda do avião, enquanto os demais pacientes começam a desaparecer.

Este intrigante thriller serve para mostrar o quanto a dupla principal é talentosa. Hathway e Wilson impressionam em uma fita simplista, valorizada por atuações dedicadas. Sem atores deste calibre, provavelmente, seria um filme B que passaria despercebido. O final surpreendente funciona e computa maior crédito.

Nota: 7,2

Rock´n´Rolla - A Grande Roubada


Com “Jogos, Trapaças e Dois Canos Fumegantes”, o diretor Guy Ritchie foi considerado o imitador de Quentin Tarantino que deu certo. As influências incluem edição rápida, violência exarcebada e humor mordaz. Ritchie bebeu de várias fontes para construir seu próprio estilo. Depois de alguns deslizes na carreira (“Destino Insólito” e “Revolver”), ele volta melhor do que nunca.

A ação se concentra em um grupo de mafiosos que é trapaceado por criminosos menos profissionais. Como já é tradicional em seus filmes, o número de tramas e personagens ultrapassa o normal, tornando complicado descrever a trama. O que importa é que Gerard Butler está hilário e Tom Wilkson encarna o chefão de forma impecável.

O roteiro, também assinado por Ritchie, aposta suas melhores sacadas na comédia, mas não deixa de criar cenas de ação fantásticas. O cuidado com o ritmo é imenso, as cenas nunca são desnecessárias e, o melhor é reservado para o final. “Rock´n´Rolla” é um filme para ninguém colocar defeito, é o amadurecimento de um diretor e seu estilo. Que venha a continuação!

Nota: 9

Por Amor


Este filme pode ficar marcado pela estreia de Ashton Kutcher em um papel sério. Seu desempenho difere do jeito bobalhão, estabanado e histérico de seus outros trabalhos. O astro rouba a cena como um personagem mais íntimo e deixa sua parceira de cena para atrás.

Kutcher interpreta Andrew, um jovem tímido que retorna à cidade natal após receber a notícia do assassinato de sua irmã. Inconformado, espera que o suspeito pelo crime receba da justiça a pena que merece. Assim, nos corredores do forum, ele conhece Linda (Michelle Pfeifer), que também perdeu uma pessoa querida. Ela teve seu marido assassinado pelo amigo e acompanha no tribunal o julgamento. Ambos fragilizados encontram forças um no outro para superar suas perdas.

"Por Amor" poderia ser um drama contundente sobre essas feridas que nunca cicatrizam, mas opta pelo óbvio quando introduz um romance que, por mais que faísque na tela, não deveria ser abordado como o prato principal. Os crimes que destroíram a vida dos protagonistas renderiam um projeto melancoólico e mais profundo do que a banalidade comprovada ao final.

Nota: 6,0

A Promoção


O roteirista do ótimo “O Sol de Cada Manhã” ganha a chance de mostrar seu talento também no comando de uma produção. Este longa-metragem conta a história de dois sujeitos que disputam um cargo na gerência da filial de um supermercado. Ambos fazem inúmeros planos caso sejam escolhidos. Ao invés de cair na comédia pastelão, a competição dos funcionários torna-se mais dramática.

Doug Stauber, interpretado por Sean William Scott, quer deixar de cuidar dos insuportáveis problemas do trabalho, como as gangues que geram confusão no estacionamento ou ainda, as fichas de reclamações dos clientes. Ele sonha em mudar-se do minúsculo apartamento para uma casa decente, junto com sua namorada. O mais deprimente é que uma simples promoção, com um salário pouco maior, já representa muito na vida destes dois homens, um pai de família e o outro querendo construir uma.

Sean William Scott é eficiente como protagonista e mostra ser um bom ator dramático. O diretor Steve Conrad, que também assina o roteiro, só poderia entregar uma obra como esta. O filme possui muitas características em comum com “O Sol de Cada Manhã”, apresentando o mesmo clima de filme (semi) independente e ainda, criticando o capitalismo que gera situações como esta.

Nota: 8,0

Marido por Acaso


Emma Lloyd (Uma Thurman) é uma radiasta que dá conselhos amorosos num popular programa feminino. Tudo está indo bem na sua vida: o talk show atinge bons níveis de audiência, ela conseguiu lançar seu primeiro livro de auto-ajuda e, ainda, está prestes a se casar com o bom-partido Richard (Colin Firth). Pouco antes do “grande dia” ela descobre que está casada civilmente com outro homem. Surpresa, Emma procura o estranho para anular a infundada união. Porém, quando conhece o encantador Patrick, ela fica na dúvida com qual dos dois deve subir ao altar.

Naturalmente, o filme é previsível. O trio protagonista segura as pontas, mas não tira a produção do básico. “Marido por Acaso” é ideal para aqueles que não se enjoam de assistir as mesmas comédias românticas.

Nota: 7,0

O Dia Em Que a Terra Parou (2008)


Assim como seu companheiro “Guerra dos Mundos”, esta refilmagem foi massacrada pela crítica especializada, que vem mostrando-se cada vez mais preconceituosa quando o assunto é ficção científica no cinema. A pontuação fica ainda pior ao constatar que o longa é refilmagem de um clássico.

Esta nova versão do filme de 1951 conta praticamente a mesma história: o alienígena Klaatu chega ao nosso planeta para alertar sobre uma crise global. Os humanos enxergam a visita como uma ameaça e preparam-se para o ataque. A cientista Helen Benson ajuda o estrangeiro a completar sua missão.

O extraterrestre que chega à Terra em forma humana tentando se adpatar ao diferente corpo é bem interpretado por Keanu Reeves. As limitações artistícas do ator contribuem para a falta de expressão do personagem. Os efeitos especiais podem receber duras críticas por pecar em raros, mas determinantes momentos. O restante é bem feito, como o clima de tensão e o interesse do espectador que permanecem em igual frequência.

A mensagem do projeto segue em evidência, mostrando-se ainda atual, porém o remake não pode ser comparado ao original. "O Dia Em Que a Terra Parou" (2008) é blockbuster, então não dá para ter grandes expectativas. Se fores assim para o cinema, dificilmente irá se decepcionar.

Obs: Embora tenha sido citada no começo do texto, "Guerra dos Mundos" (2006) é uma adaptação muito superior a esta aqui.

Nota: 7,5

Marley e Eu


Marley é mesmo o pior cão do mundo. Ele rasga o sofá, come tudo que vê pela frente, não pára de latir, se joga na piscina cada vez que tem a oportunidade, dorme em cima da cama … enfim, suas travessuras não possuem limites. A história do mascote é verdadeira e, como todos já deveriam saber, o filme é baseado no livro do jornalista John Grogan.

A vida ao lado de Marley é um pesadelo tão grande que o casal adotivo (Owen Wilson e Jennifer Aniston) chega a cogitar livrar-se do infernal cachorro de uma vez por todas. Claro que isso não acontece. Ao mesmo tempo que Marley gera terror por onde passa, ele é um animal adorável. Essa dualidade permeia todo roteiro e torna-se mais interessante quando o dono aproveita as peripécias do bichano para sua coluna no jornal de Michigan.

A trama bastante simples aposta na identificação das pessoas com o cachorro, já que é difícil encontrar quem não teve um ou desgosta deles. Então, o público é conduzido, aos poucos, para o trágico final e certamente será levado pelas emoções. “Marley e eu” é um filme correto e respeita a fórmula básica – apesar de ousar em uma sequência acelerada, que é cópia descarada de “Regras da Atração”. No mais, é um bom filme.

Nota: 7,2

What Just Happened


Eu que pergunto! O que está acontecendo??? Robert DeNiro mais uma vez se mete em roubada. E se não bastasse, levou com ele um super time de estrelas: Sean Penn, Catherine Kenner, John Turturro, Robin Wright Penn, Kristin Stewart e Bruce Willis. Porém, quem sai pior da experiência é o astro principal.

Baseado no livro de Art Linvin, a produção narra as peripécias reais de um produtor de cinema em Hollywood. DeNiro interpreta o charmoso protagonista e, incrivelmente, é um de seus melhores papéis nos últimos anos. O entrave do projeto é a chatisse do roteiro, que não faz a crítica que tanto alarde e muito menos diverte.

A consequência é um entretenimento praticamente vazio – triste para o diretor de pérolas como “Bugsy”, “Rain Men” e “Mera Coincidência”. Ainda mais prejudicado é o ator que encabeça o longa, já que aos poucos vai perdendoa confiança do público ao demonstrar ser péssimo em escolher novos projetos.

Nota: 5,0

Modelos Nada Corretos


O modelo de comédia norte-americana parece que não muda. Todo ano estréiam dezenas de exemplares do gênero no mesmo formato, com piadas grosseiras e programadas, de tom humilhante ou de personagens bizarros. O mesmo acontece com esta aqui, só que temos alguns diferenciais.

A dupla Sean William Scott e Paul Rudd está numa ótima sintonia e suas tentativas de fazer rir são bem sucedidas. Os dois são vendedores de uma marca de energético e trabalham percorrendo escolas para apresentar o produto e fazer campanha contra o consumo prejudicial de álcool. Enquanto um se fantasia de minotouro, o símbolo da bebida, o outro ensina a gurizada. A reviravolta surge quando estragam o caminhão da empresa e, para não serem presos, são condenados a cumprir 150 horas de serviço comunitário como mentores de jovens. Cada um fica responsável por uma criança.

É um alívio assistir uma comédia que consegue prender o público e proporcionar um bom divertimento. A última safra (“Quase Irmãos”, “Ressaca de Amor”, “Pagando Bem, Que Mal Tem”, “O Guru do Amor”) deixou muito a desejar. “Modelos Nada Corretos” é aquela típica comédia que você já viu, sabe de cor o que vai acontecer, mas que ainda assim diverte. Além disso, no fundo, é um filme com coração, bonitinho mesmo.

Nota: 7,8

O Casamento de Rachel


Após os sucessos “O Silêncio dos Inocentes” e “Filadélfia”, o diretor Jonathan Demme passou uma boa fase de sua vida dedicando-se aos documentários. O retorno mais expressivo ao campo da ficção veio com este belo filme independente, no qual ele prova que não adianta tentar ser alternativo demais quando a base do roteiro são os relacionamentos e sentimentos amorosos. Filmes como “A Lula e a Baleia” ou “Margot e o Casamento” trabalham com temas do cotidiano, mas pecam quando criam diálogos e situações fora do comum, deixando o contato com o público em segundo plano.

Na trama, Kim (Anne Hathway) é liberada da reabilitação durante o final de semana para participar do casamento da irmã. Depois de permanecer um ano internada, essa é sua primeira chance de encarar a família novamente. Os conflitos não demoram a surgir, mas o hábil diretor e sua brilhante roteirista, Jenny Lumet, conduzem este drama sem nunca cair no lugar comum.

O ambiente do filme é totalmente acolhedor, gerando a empatia do público com os persongens e seus problemas. A gravação realizada em câmera de mão dá maior veracidade aos acontecimentos, enquanto as atuações de Hathway e Rosemarie DeWitt faíscam na tela. “O Casamento de Rachel” é, sobretudo, verdadeiro.

Nota: 9