Um Lugar Qualquer


Um carro andando em círculos. O novo filme de Sofia Coppola abre com esta cena simples para definir a atual etapa da vida de seu protagonista: Johnny Marco (Stephen Dorff), um astro de cinema cuja rotina é sexo casual, cigarro e bebida. Os três elementos de solidão são acompanhados durante a exibição de “Um Lugar Qualquer” até o momento que surge a encantadora filha de 11 anos do bem sucedido ator (Elle Fanning), exercendo na trama a força motivadora para a transformação do jovem e perdido milionário.

O pequeno conto, como pode ser reconhecido este projeto de Coppola, vem depois do pretensioso “Maria Antonieta” justamente para mostrar o retorno às raízes da diretora. “Um Lugar Qualquer” é um filme lento, de poucas falas, com fotografia sutil e uma filmagem certas vezes amadora. Aqui, o transcorrer da narrativa não tem pressa, concentrado em explicitar como a vida de Johnny é vazia, apesar de possuir tudo ao seu alcance. O caminho é conhecer o personagem até ele realmente se enxergar como aquela figura sem forma, vista na cena em que utiliza maquiagem para ficar envelhecido.

O filme é indicado para os apreciadores da filmografia da diretora. Caso contrário, provavelmente não passarão dos dez minutos iniciais da projeção. Em meio às críticas controversas, a produção vem recebendo alguns elogios e foi melhor no 67° Festival de Cinema de Veneza, onde levou o Leão de Ouro de Melhor Filme. O quarto filme de Sofia Coppola também tem sido acusado por ser praticamente uma releitura de “Encontros e Desencontros”, a obra-prima da cineasta. Algumas semelhanças são inegáveis.

Nota: 7,4