Amor e Inocência


Muito se fala dos romances de Jane Austen (Orgulho e Preconceito e Razão e Sensibilidade), mas da vida particular da escritora pouco se sabe. Em Amor e Inocência, pode-se descobrir uma jovem destemida, não tão inocente como o título nacional sugere, mas uma romântica consciente de suas escolhas.

Conhecida mundialmente por seus clássicos da literatura, Jane teve uma vida que renderia um livro ou filme, como é esse o caso. E olha que demorou para os produtores de Hollywood se darem conta disso! A queridinha Anne Hathaway encara o desafio de viver a sensível protagonista e James McAvoy fica com o papel do arrogante Tom Lefroy – interesse amoroso de Jane.

Dessa vez, os dois jovens astros, bastante talentosos por sinal, não conseguem o brilho já habitual em cena. Quase que no automático, os atores, assim como o filme, contam a história da escritora. A estrutura que o diretor Julian Jarrold (Kinky Boots – Fábrica de Sonhos) dá para o longa também não contribui para envolver o espectador. Sem grandes atrativos em sua narrativa, a trama só ganha a consistência necessária perto do fim. Uma pena.

Nota: 5,5

Linha de Passe


Walter Salles e Daniela Thomas, em mais uma parceria, realizaram uma obra aparentemente simples com Linha de Passe. Mas, pouca gente sabe que o filme levou cinco anos para ser feito. Todo esse tempo reflete no cuidado com o projeto e a preocupação sem limites com a autenticidade. Ao assistí-lo, é inevitável constatar que a realidade invadiu o filme: quem comanda as cenas são aqueles personagens vivos na tela.

Com tantos filmes abordando o lado negativo da periferia, Salles decidiu apostar em uma história que mostrasse essas pessoas com humanidade. Uma das questões discutidas é a dualidade entre uma família disfuncional, sem a ausência de um pai, com uma cidade gigante e opressora como São Paulo. A mãe (Sandra Corveloni) e seus três filhos sobrevivem o dia-a-dia em um mundo de devoradora desigualdade.

A sensibilidade como o diretor trata seus personagens encanta o mais duro dos corações. Linha de Passe é um trabalho caprichado, bonito de assistir e sentir, portanto, nem um pouco simples. Os atores estreantes em cinema (com exceção de Vinícius de Oliveira) dão um show a parte. Salles aparece mais maduro do que nunca, e esse projeto demonstra toda essa confiança.

Nota: 7,5

Um Crime Americano


O chocante caso da adolescente Sylvia Likens é contado nesse filme igualmente brutal. O diretor Tommy O´Haver não poupa o espectador de presenciar as cenas de humilhação e tortura. Um Crime Americano não é um passatempo como qualquer outro, não chega a ser filme bom de assistir, a experiência é pra lá de indigesta.

Após a sublime interpretação em Juno, Ellen Page dá vida a adolescente de 15 anos que é aprisionada no porão durante várias semanas por Gertrurde Baniszewski. A mulher de 36 anos ficou responsável de cuidar da menina enquanto seus pais viajavam. Como os pais não voltam e o dinheiro pela hospedagem pára de chegar, Sylvia se torna uma válvula de escape da megera.

O mais impressionante é que Gertrude tinha ainda sete filhos e todos eles conviveram normalmente com a situação. Várias crianças da vizinhança chegam a ser coniventes com as condições precárias por qual Sylvia passa, sendo que muitas vezes, ainda ajudam a torturá-la. A única exceção é a irmã de Sylvia que parece ter entrado em estado de pânico e assiste a tudo calada. Apesar de parecer exagerado, a história é baseada em fatos reais.

Um Crime Americano funciona como um relato de um caso brutal e repulsivo, uma denúncia fílmica que veio aparecer mais de 45 anos depois do acontecido. Entre os quesitos técnicos, destaca-se a ótima performance de Catherine Kenner na figura do carrasco. Mesmo sendo um filme correto, o espetáculo não é nada agradável. Justamente por isso, fica difícil apreciá-lo como entretenimento.

Nota: 6,0

Trovão Tropical


Até o momento, Trovão Tropical pode ser classificado como a melhor comédia do ano. O filme dirigido por Ben Stiller é desde o início uma sessão de muitas risadas. Os trailers falsos na abertura colocam o espectador no humor exato da produção, além de resultarem em uma jogada esperta, que dispensa a apresentação dos personagens.

Ben Stiler, Jack Black e Robert Downey Jr interpretam na tela astros de cinema! Só isso já torna o filme muito divertido! Na trama, os três são atores milionários com egos super inchados e que não se acertam de jeito nenhum nas gravações da produção que promete ser ‘o maior filme de guerra de todos os tempos’!

Para tentar controlar sua equipe e evitar o fracasso do seu projeto, o diretor leva os atores para o meio da floresta com a intenção de obter o ar de realidade imprescíndivel para as filmagens. Porém, os perigos se tornam mais reais do que todos imaginam.

Para variar, o show é de Robert Downey Jr! Desde seu retorno em 2005, com Beijos e Tiros, que o ator marca um sucesso atrás do outro e demonstra ser um dos melhores de sua geração! Aqui, o sujeito é o responsável pelas melhores cenas e está impagável como o astro bem conceituado que se submete à tudo pelo personagem.

Quem mal aparece é Jack Black, ofuscado pelos demais protagonistas. O único momento em que faz rir é durante o trailer de “The Fatties”. Uma surpresa é a atuação de Tom Cruise como o dono do estúdio Les Grossman. O ator está irreconhecível sob muita maquiagem e falas grotescas.

Misturando ação com comédia, o filme não foge de sua proposta e, quando as piadas ameaçam acabar para dar espaço à cenas de guerra, chega logo o final. Assim, Trovão Tropical resulta em uma comédia bacana, que brinca com Hollywood e seus estrelismos, mas que além de tudo, faz o público rolar de rir. Até mesmo a história meio furada funciona na tela. O que nós resta é aproveitar a sessão!

Nota: 8,0