Rever filmes e o mistério dos Coen

Já me aconteceu de odiar um filme na primeira vez que assisti e em uma segunda exibição acabar gostando. Isso geralmente ocorre com filmes que vi quando era criança e não tinha maturidade para compreender temas voltados para uma platéia adulta.

Gosto de cinema desde muito pequeno. Vivia na locadora, assinava revistas de cinema, comprava outras publicações nas bancas de jornais, revestia as paredes do quarto com cartazes. Com essa paixão desde cedo, assisti com 10 anos “Despedida em Las Vegas”, 11 “Boggie Nights” e 13 “De Olhos Bem Fechados”. Todos filmes densos e difíceis. Óbvio que, na época, não gostei de nenhum. De lá para cá, se passaram quase dez anos e revi cada um deles. Foi como se eu nunca os tivesse assistido. Apreciei esses filmes com surpresa e fiz uma nova leitura. Às vezes isso acontece.

Agora, é mais difícil mudar de opinião em filmes recentes, quando se assiste novamente pouco tempo depois. O que pode ocorrer é passar a gostar mais de um filme que eu já gostava porque em uma segunda sessão pude reparar em outros detalhes. De vez em quando sinto essa necessidade de rever algumas produções que não gostei muito. É o caso de “Um Homem Sério”, indicado ao Oscar e ovacionado pelos críticos. Odiei o filme. O pior filme dos Coen que eu assisti. Filme chato. Parado. Sem originalidade. Atrativos zero.

Acabo sentindo uma obrigação de rever esses filmes para tentar descobrir o que outros tanto gostaram. Assistir com um novo olhar, ir disposto a embarcar no filme e desprender de preconceitos – algo que sempre deve ser feito. O problema é que algumas vezes a expectativa em torno do projeto fala mais alto e o longa-metragem resulta em uma decepção para o espectador.

No caso dos irmãos Joel e Ethan Coen, já vou confessando que não sou fã da dupla. Não gosto do cinema que eles fazem. Não acho que realizaram alguma obra-prima. O premiado “Onde os Fracos Não Tem Vez” apresentava um assassino bacana interpretado por Javier Barden e tinha a história baseada no romance de McComarc (e mal adaptado por sinal). “Queime Depois de Ler” rendeu algumas risadas e olhe lá. “Fargo” é interessante e talvez o melhor filme deles – briga com “Gosto de Sangue”. O restante da filmografia não me serve.

Pois é, tenho implicância mesmo. Não gosto do humor deles, dos finais interrompidos, das cenas sem propósitos, do ritmo lento quase parando, dos diálogos chatos. Parece que a dupla cria uma história para poder estragá-la no decorrer do filme. E o pior é que são aclamados por isso. O sucesso dos Coen é um mistério para mim. Vejo muita gente reclamar de seus filmes, principalmente o grande público. Uma opinião que vai ao contrário da dos críticos e dos festivais que lhe rasgam elogios e oferecem prêmios.

Depois desse falatório revoltado esclarecendo o meu parecer quanto aos irmãos cineastas, repito que gostaria de rever “Um Homem Sério”. Talvez por algum motivo desconhecido eu consiga enxergar o que alguns “cabeções” conseguiram. Como não vai dar tempo de conferir pela segunda vez antes da cerimônia do Oscar, deixo a crítica da primeira impressão que tive do filme. Convido você a encarar o desafio de assistir o filme e escolher o seu lado.

2 comentários:

pirs disse...

Gênios da comédia! heuheaueh

Anônimo disse...

não sou grande conhecedor da filmografia dos caras, mas dos filmes que assisti, o único que gostei foi "o grande lebowski". o restante é algo incompreensível pra mim.

o trabalho deles é muito irritante porque os filmes prendem MUITO mas não superam a expectativa que criam. geralmente o personagem principal morre - ou o foco da narrativa muda - e a história fica sem propósito algum. simplesmente não termina.

se tu fores análisar, lógico que há uma mensagem. mas não é só isso que espero de um filme. não adianta, na minha opinião, subverter a linguagem narrativa só para causar impacto no telespectador se essa subversão só tem essa finalidade. a mensagem é compreensível, mas a história geralmente fica desconexa.

sempre digo que posso ter interpretado mal ou perdido algo e por isso estou aberto ao debate. mas até o momento, quando o assunto é detonar os coen, tô dentro.

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