Branca de Neve e o Caçador


“Branca de Neve e o Caçador” é tudo que “Alice no país das maravilhas”, de Tim Burton, não conseguiu ser: uma releitura envolvente e interessante sobre um conto infantil. E este recente lançamento tem vantagens, como o tom sombrio, as imagens deslumbrantes (sem ser carnavalescas) e o clima épico do início ao fim. Porém, para curtir essa aventura, é preciso desprender-se do texto original e embarcar em adaptação livre sobre a fábula dos irmãos Grimm.

A Branca de Neve veste armadura e lidera uma batalha, os anões ganham mais um companheiro e totalizam oito, a Floresta Negra é uma armadilha mutante e um trasgo (monstro parecido com um troll) aparecem na mistura proporcionada pelo filme. Tantos elementos novos surgem nesta versão, mas, por incrível que pareça, não a tornam forçada. O roteiro realiza milagre ao transformar o pequeno conto em uma história medieval de grandes porporções dramáticas.

Na trama, Banca de Neve (Kristen Stewart) completa 18 anos e se torna uma ameaça para sua madrasta, a rainha Ravenna (Charlize Theron), que até então era a mais bela de todas. Antes que o plano malígno da rainha se concretize, Branca foge do castelo em direção a Floresta Negra. Ravenna envia um caçador (Chris Hemsworth) para capturar e matar a jovem. O tom da narratica não é infantil. O clima soturno e a maldade da vilã mostram que o filme está bem longe de outra versão lançada este ano, Espelho, espelho meu.

Uma jogada interesse do roteiro é não comparar a beleza de Charlize Theron com a de Kristen Stewart. O roteiro apresenta Branca de Neve tão poderosa quanto a rainha porque possui duas virtudes: pureza e inocência. O que fica em desnível é a entrega de Theron a hipnotizante rainha com a apatia de Stuart como a heroína da produção. A mesma sem gracisse de Bella Swan na saga Crepúsculo persiste na atuação da atriz. O destaque vai também para Hemsworth, que consegue criar um personagem interessante, além de força e músculos.

Como é grandioso em tudo, o filme investe em inúmeras cenas de luta e batalha, deixando a história sempre movimentada. As imagens belíssimas de cada frame são tão impactantes visualmente que indicações ao Oscar já estão praticamente garantidas. A direção de arte e o figurino não são carregados, alegóricos, como o carnaval de “Alice no país das maravilhas”. O clima é obscuro, sujo e de elementos lúgrubres, como corvos, castelos imponentes e magia das trevas.

O diretor estreante Rupert Sanders, originário do mercado publicitário, acerta a mão com sua aventura épica e proporciona diversão para toda família. O blockbuster cumpre ser um bom passatempo pipoca e firma-se como a melhor adaptação adulta de um conto infantil para telonas. A resposta da crítica, público e bilheteria foi tão positiva que uma continuação está em negociação e uma franquia se projeta para os próximos anos. Tudo muito bonito, desde que a rainha má esteja presente.

Nota: 8

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