Jovens Adultos

O diretor Jason Reitman e a roteirista Diablo Cody, a dupla responsável pelo sucesso indie "Juno", voltam a trabalhar juntos na comédia de humor negro "Jovens Adultos". Se o resultado do primeiro foi surpreendentemente positivo – levou o Oscar de Melhor Roteiro Original –, desta vez a parceira soa um pouco desconexa. Embora, não deixe de ser um filme de momentos interessantes.

"Jovens Adultos" é sobre Mavis Gary (Charlize Theron), uma escritora/roteirista que atua como "ghost writer" de uma série de livros infantis. Quando a saga é cancelada, ela decide voltar para sua cidade natal, onde era a garota mais popular da escola, e tentar reconquistar seu ex-namorado que atualmente está casado e recém ganhou um filho.

O filme recheado de ironias e cinismos mostra o trágico retrato de uma ex-rainha de baile de escola americana. Mavis é amarga, malvada, alcoólatra e, acima de tudo, egoísta. Por ser bela e popular, desenvolveu uma superioridade que não se sustenta mais. Ela é uma pessoa problemática, insatisfeita com a vida, justamente porque esta não se transformou em um conto de fadas.

Charlize tem em Mavis uma de suas melhores interpretações. Abandona o glamour e encara uma personagem difícil. Sua indicação ao Globo de Ouro em Melhor Atriz – Comédia ou Musical foi mais que merecida. As melhores cenas da controversa escritora são com Matt, um nerd que ela zombava na escola. Também no elenco, como par romântico, o competente Patrick Wilson.

O principal mérito do roteiro de Diablo Cody é não trair seus personagens. Mavis não tem uma redenção por suas atitudes. Ela está buscando a sua felicidade, independente de qual maneira, e, por mais que ela procure mudar, vai seguir cometendo erros. Em compensação, o que falta em "Jovens Adultos" é mais relevância. Por vezes, esse discurso absurdo da protagonista chega a soar vazio.

Com um roteiro levemente frágil, a direção tenta compensar com tomadas divertidas, como a abertura com rock´n´roll e imagens de uma fita cassete. Jason tenta explorar a história, mas sem sucesso. O lamento, ao final, é de que o cineasta chegou ao topo com "Amor Sem Escalas" e depois caiu com este exemplar aqui. A dupla que se encontrou tão bem em "Juno" não correspondeu à altura dessa vez.

Nota: 7

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