O Preço do Amanhã

Chegar aos 25 anos e parar de envelhecer. Um desejo de praticamente todos mortais. Com essa premissa, “O Preço do Amanhã” apresenta um futuro em que a moeda é o tempo. Os humanos ao atingirem essa idade possuem apenas mais um ano de vida - a menos que paguem pelo tempo extra. A idéia remete aos contos de Phillip K. Dick (autor de “Minority Report”, “O Homem Duplo”, “O Vingador do Futuro”, dentre outras ficções científicas), o que é um bom sinal, mas perde o rumo quando vira um filme de ação descerebrado.

Justin Timberlake, que pelo jeito abandonou a carreira de cantor, interpreta Will Saalas, um típico funcionário do sistema até receber uma doação que lhe permite viver por um século. Acusado de matar para conseguir essa quantia, ele é perseguido pelos “guardiões do tempo”, a polícia do futuro. Na perseguição, sequestra a filha de um magnata (Amanda Seyfreid) e, juntos, tentarão mudar a realidade injusta.

Após construir com cuidado o primeiro ato, o diretor Andrew Niccol ("O Senhor das Armas") larga de mão a narrativa para investir nas cenas de fuga. O que resta da história nesse momento é a transformação do protagonista em um Robin Hood moderno. O potencial de uma ficção científica inteligente e de presença é desperdiçado em um acúmulo de cenas de explosão, deixando claro a intenção de ser uma peça de puro entretenimento.

Se o desenvolvimento seguisse na parte que deu mais certo, “O Preço do Amanhã” poderia se equivaler às adaptações de Phillip K. Dick para o cinema. Do jeito que termina, o filme demonstra ser uma criação completa de Niccol (também autor do roteiro), com uma idéia criativa apenas para alavancar um projeto de ação.

No meio da correria, a química entre Timberlake e Seyfreid não chega a pegar fogo. Enquanto ele está mais uma vez ótimo no personagem, ela permanece o filme todo com uma expressão blasé. Se a dupla não funciona tão bem junta é porque interage justamente nesta segunda parte pouco inspirada. Apesar da caída perto do final, “O Preço do Amanhã” ainda consegue se safar como uma aventura futurística interessante e em parte original.

Nota: 7

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