Crítica: O Lado Bom da Vida



Exemplares de comédia, terror e ação não costumam figurar em listas de premiações. O drama, geralmente, é o gênero favorito às láureas. Portanto, quando uma comédia romântica conquista oito indicações ao Oscar, é preciso ficar atento a esse campeão. “O Lado Bom da Vida” deve boa parte de seu mérito ao elenco inspirado e, também, ao comando competente do diretor. Além disso, um elemento-chave: personagens fora do controle, atípicos à cartilha tradicional do gênero. O filme de David O. Russel é uma história que você provavelmente já assistiu, porém, apresentada de forma madura, verdadeira e detentora de um charme irresistível.

A trama, baseada no livro homônimo de Matthew Quick, gira em torno de Pat  (Bradley Cooper), um professor de História que surta após flagrar a esposa o traindo com um colega do trabalho. Ele é diagnosticado bipolar, internado em um hospital psiquiátrico por oito meses e, após receber alta, volta a morar com o pai (Robert DeNiro) e a mãe (Jacki Weaver). Pat pretende recomeçar sua vida, mas encontra-se obcecado em ter de volta o amor da esposa. É perdido nessa missão de reconquista que ele conhece Tiffany (Jennifer Lawrence), uma garota de sua vizinhança que recentemente ficou viúva e também passou por um período sombrio. A afinidade entre eles surge justamente a partir dos traumas compartilhados.

Pat e Tiffany são dois adultos que perderam o equilíbrio frente a situações estressantes. Tornam-se amigos ao dividir suas experiências. E, aos poucos, percebem que são feitos um para o outro. São essas figuras complexas e reais que salvam o filme do trivial, personagens valorizados pela surpreendente atuação de Bradley Cooper (“Se Beber, Não Case”) como o maníaco depressivo e a perfomance sexy e hipnótica de Jennifer Lawrence (“Jogos Mortais”), vencedora do Globo de Ouro 2013 como Melhor Atriz.


Para unir esse casal disfuncional, nada melhor que divertidas (e reveladoras) aulas de dança. Alguma dúvida de que o filme terminará em uma competição esportiva? Esse é apenas um dos clichês presentes no roteiro. “O Lado Bom da Vida” não se importa que muitas cenas clássicas do gênero estejam no pacote. Seu ponto forte é tornar esses momentos verdadeiros. Escolhas acertadas de David O. Russell, um cineasta que se reinventou nos últimos anos, e que repete o feito de seu projeto anterior, “O Vencedor”, em que transformou uma história tradicional num potente e prazeroso entretenimento.

Nota: 7,9

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