Crítica: Os Miseráveis



"Os Miseráveis" é um sucesso desde que foi lançado em 1962. Vendeu mais de sete mil exemplares nas primeiras 24 horas na capital francesa. Durante as décadas seguintes, a história de Jean Valjean foi assistida por mais de 60 milhões de espectadores no teatro e adaptada 46 vezes para o cinema e a televisão. Este ano, Hugh Jackman interpreta o coitado que roubou um pão, tornou-se prisioneiro e acabou perseguido para sempre pelo inspetor Javert (Russel Crowe). Então, a pergunta é: o que esta recente versão apresenta de novo?

Após a consagração de "O Discurso do Rei" com cinco Oscars, Tom Hooper poderia escolher o projeto que quisesse. A decisão foi recontar a obra de Vitor Hugo, igualmente famosa por sua versão musical na Broadway. O visual primoroso é o maior mérito da atualização do clássico. Um trabalho magnífico de direção de arte, fotografia, figurino e maquiagem – requisitos merecidamente indicados aos Oscar. 

Além da atmosfera histórica, recriando o período da Revolução Francesa de forma impressionante, o cineasta foi bem sucedido ao desafiar os atores a cantarem ao vivo durante as filmagens, sem a gravação em estúdio e posterior dublagem. Por um lado, o canto perde um pouco em qualidade, mas, por outro, a atuação é potencializada na sua carga dramática. A técnica valorizou as interpretações de Hugh Jackman – em sua melhor performance - e Anne Hawthaway, que levou o Oscar como Atriz Coadjuvante. 

O núcleo da trama que envolve Jackman e Hawthaway é o mais interessante do projeto. Nos 40 minutos iniciais, em que os dois contracenam juntos, "Os Miseráveis" é um musical perfeito, envolvente e vigoroso desde as cenas em que o pobretão Jean Valjean é humilhado por Javert até ele receber a ajuda de um bondoso padre e dar a volta por cima. Nesse contexto, surge Fantine, funcionária da fábrica gerenciada por Valjean, que perde o emprego e sucumbe à prostituição para ajudar a filha.    

Após essa primeira parte inspirada, o longa-metragem vai perdendo o ritmo com uma série de tramas tediosas, como os insuportáveis tutores de Cosette (Helena Bonham Carter e Sacha Baron Cohen), o romance morno entre a jovem (Amanda Seyfried) e Marius (Eddie Redmayne) e, por fim, o cenário de luta armada, ápice da revolução, que, infelizmente, carece de emoção. Até mesmo as músicas perdem a graça ao longo da narrativa, com exceção daquelas cantadas pela trágica personagem Éponine (Samantha Barks) e o hino absoluto do projeto, "One More Day".

Mesmo sendo cansativo, "Os Miseráveis" mantém-se grandioso, somando cenas icônicas que ficarão para a história do cinema. A principal marca do filme é a ausência de diálogos. Cantado do início ao fim, pode provocar repulsa em alguns avessos ao gênero. O sucesso comercial – e também em premiações -, provavelmente, deve-se ao fato da história ser muio familiar aos americanos. Ao restante do mundo, não tão apaixonado pela obra, o resultado é um bom filme, irregular ao longo de seus 157 minutos, mas que vale a sessão pela pompa e pelo capricho visual como conta sua história. 

Nota: 7,5

1 comentários:

Marcos disse...

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