Amor Impossível


Duas pessoas se conhecem e enfrentam diversos obstáculos até ficarem juntas ao final. Essa fórmula deu certo em inúmeras comédias românticas. Mas, depois se conferir o previsível histórico do gênero, por que não contar um caso de amor que, além do romance, utiliza uma trama verdadeiramente interessante sem utilizar os tradicionais coadjuvantes cômicos? Assim como outros raros exemplares, "Amor Impossível" utiliza uma narrativa de pano de fundo tão importante quanto a aproximação entre o casal protagonista.

Baseado no livro homônimo de Paul Torday, o filme é sobre o doutor Alfred Jones (Ewan McGreggor), um cientista que se vê envolvido em um projeto para introduzir pesca de salmão no Yemen. Apesar de relutante à investida, precisa atender o capricho milionário do sheik Muhammed e satisfazer o governo britânico que enxerga no programa a possibilidade de obter boas notícias vindas do Oriente Médio. Nessa empreitada, Alfred conhece Harriet (Emily Blunt), a assessora do sheik, que se revela uma ótima companhia. Aos poucos, os dois vão se aproximando e começam a depositar, juntos, credibilidade ao inusitado projeto.

O tom de comédia acompanha o longa-metragem com diálogos e cenas simpáticas, utilizando muitas vezes a política como inspiração. Esta personificada na figura de Kristin Scott Thomas, que interpreta a assessora do primeiro-ministro. O humor escrachado não tem chance - até porque este é um filme inglês. Assim, estamos frente a uma história para adultos, longe das comédias românticas adolescentes. O que pode provocar confusão é o infeliz título em português, Amor impossível, que, além de não se encaixar na proposta, “vende” a sessão como mais uma trama romântica e bobinha. Equívoco. No original, chama-se "Salmon fishing in the Yemen" ("Pesca de Salmão no Iêmen"), como na obra literária.

Quem espera se apaixonar com o relacionamento entre McGreggor e Blunt irá se decepcionar. A trama investe bastante na construção dos personagens e os apresenta como “pessoas reais”, possíveis de encontrar ali na esquina. Os dois estão em relacionamentos duvidosos que apresentarão mudanças imediatamente. Quando juntos, formam na tela um belo casal, conferindo o charme essencial para o filme, calçado principalmente na competência dos atores.

"Amor Impossível" vale o ingresso porque vai além do óbvio - mesmo que não seja totalmente original. É um entretenimento agradável que de tão interessante quase convence como uma história real. É pura ficção, mas passível de acontecer. Ponto positivo para o diretor Lasse Hallstrom, de "Chocolate" e "Regras da Vida". Mais um bom filme para o seu currículo.

Nota: 7

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