Crítica: Colossal


Notícias de todo mundo divulgam que um monstro gigante e assustador surgiu repentinamente em Seul, na Coreia do Sul, e está destruindo a cidade. Este poderia ser mais um filme catástrofe na linha de Godzilla, mas "Colossal" inova quando coloca uma mulher comum com o poder de controle sobre a criatura.

Anne Hathaway interpreta a protagonista Glória, que vive em Nova York e precisa retornar para a sua cidade natal depois de perder o emprego, afundar-se na bebida e ainda terminar o relacionamento com o namorado. De volta ao lar, ela descobre que possui uma forte ligação com a ameaça do outro lado do planeta, ou seja, suas ações são igualmente reproduzidas pelo monstrengo, inclusive seu tique de coçar a cabeça quando está nervosa.

O ponto de partida de "Colossal" é muito interessante - e original. Mistura comédia e ficção científica de maneira esperta, mas encontra sua base no drama. A história, na verdade, apresenta-se como uma fábula moderna, utilizando elementos fantásticos para revelar que existe um monstro dentro de cada um de nós.

No caso da personagem principal, essa descoberta é benéfica, tirando-a da inércia e dando-lhe um objetivo em sua rotina de tédio e muitas doses de álcool. Por conta disso, Glória consegue, inclusive, deixar o vício da bebida.

A derrapada do projeto acontece em seu terceiro ato, quando aposta em um suposto vilão para a trama, personificado na figura de um robô gigante. Seria este o oposto de Glória, duas faces de uma mesma moeda. Um ser amargurado, invejoso, que promoveu uma destruição interna sem volta. Mesmo com todos esses motivos, a revelação do verdadeiro comandante desta criatura não é bem construída.

Ainda assim, o roteiro assinado por Nacho Vigalondo, que também é o responsável pela direção, aproveita para conferir um caráter cult e fazer algumas críticas, como quando um dos personagens comenta que se a destruição está acontecendo apenas em Seul, ainda não é alarmante. O problema é se isso avançar.

"Colossal" pode aparentar uma divertida aventura sobre um monstro implacável, porém, em análise mais profunda apresenta-se como um filme existencial sobre pessoas em frangalhos e o que elas são capazes de fazer quando recebem poder. São os dramas pessoais que ditam as regras, e esses são os verdadeiros Godzillas.


Nota: 7,0

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